Como interpretar os nossos
jornalistas e os fazedores de opinião? Dizem verdades, dizem conveniências, são
irresponsáveis ou pouco reflectidos, querem adular o nosso ego de portugueses,
querem fazer-nos tolos! Afinal o que pretendem com as suas intervenções
públicas?
Todos sabemos a situação do nosso
país e, infelizmente muitos sentem-na tão duramente, no seu dia-a-dia, tão
difícil e escuro, que poderíamos referir como suportando uma noite-a-noite.
Retiramos títulos de um jornal de
referência, publicado hoje em Lisboa; - “Criminosos de 60 países nos gangues
que actuam em Portugal”. Com regularidade são dadas notícias encomiásticas
sobre as acções das nossas polícias e, nalguns casos, se diz que a nossa
polícia judiciária é uma das melhores do mundo. Sabendo isso, os criminosos não
se incomodam, e actuam no território português, como se depreende pelas
notícias contraditórias e factuais a que todos nós temos acesso. A actuação das
polícias são marcas nos caminhos que conduzem à justiça, e esta, demorada em
excesso quando há dinheiro e influências, também deixa muitos amargos de boca,
a quem a ela recorre, e a quem se interessa pela boa ordem social.
Na economia, ou seja na produção
de serviços, retiramos outra notícia; - “Gestores portugueses são dos melhores
da Europa”, tendo a PT recebido o prémio do melhor CEO nas telecomunicações,
enquanto a EDP Renováveis é a segunda das empresas europeias com melhor gestão.
Como sabemos estas empresas estão no mercado nuns espaços de monopólio ou
quase, e os preços dos serviços estão sempre protegidos por acordos
governamentais de modo a que tenham sempre os lucros assegurados. Não tem a ver
com um sistema concorrencial de exportação de produtos, onde são necessários
esforços de gestão muito mais elevados. Entretanto, apesar do pódio dos nossos
gestores, o desemprego galopa nos 17% e a cavalgada está a entrar no trote, com
as falências diárias das empresas.
O terceiro título que retiramos
é; “Centros de saúde sem qualidade vão ter de fechar” e que o Governo aperta a
fiscalização às unidades criadas por Sócrates e que as que não atingirem 65% da
pontuação fecham portas. Ora, o Governo e os políticos, que nos últimos anos
têm vivido nessa área, vêm enchendo a boca com o SNS que é um dos melhores da
Europa e que tem de ser mantido, custe o que custar. Mas, como podemos
observar, se é verdade o que agora se diz, com tantas falhas, não é assim tão
confiável.
Este tipo de discurso, que nos
oferece a informação, seja ela escrita ou falada, conduz-nos a um clima de
descrença, que não ajuda a uma estabilidade emocional tão necessária à vida de
qualquer cidadão. Entendemos por isso que a comunicação social, para ser
credível, tem de ser mais criteriosa e percorrer os caminhos que nos conduzam à
verdade dos factos e não dizer o que no momento satisfaça as conveniências de
grupos ou entidades influentes e poderosas.
Joaquim Carreira Tapadinhas
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