Na mente e
nas conversas dos portugueses, não abeirados no sistema de compadrio e
nepotismo, independentes de amarras partidárias de interesses inconfessáveis,
uma ideia mantém-se e aprofunda-se: - como mudar esta situação trágica e
escabrosa que domina e destrói o país, e que os responsáveis, não compreendendo
ou ignorando os seus fundamentos, são incapazes de remediar?
Nem mesmo
recorrendo aos conhecimentos ancestrais que abriram caminho a novas situações,
porque tudo é novo e nada se repete, como pôr em prática a locução latina mutatis mutandis (mudando o que deve ser
mudado), se tudo está artilhado de forma engenhosa e que não há ainda
especialistas para desarmar tantas e diferente arolas.
Se o cidadão
comum se tornar insensível, é notório que não sente alegrias, mas de igual modo
não sente sofrimento. Daí ser possível submetê-lo a situações humilhantes, que
podem ser desvalorizadas através do relativismo tão em moda.
Os que
governam, os que têm o poder económico e financeiro e seus lacaios, vivem num
mundo distante da realidade em que se inserem as populações mais pobres, não se
inteirando verdadeiramente dos problemas que as afectam. Muitos de nós, por
omissão, também temos alguma nesga de responsabilidade nas injustiças sociais,
mas também não é viável que cada um possa ou se queira transformar num Robin Hood.
Estabeleceu-se
um ciclo vicioso, que vai desde a comunicação social, especialmente a que
depende do poder político, aos cargos político-partidários e governamentais,
sejam do poder central, regional ou local.
Muitos dos
que estão a exercer devem os seus cargos aos que saíram e, logo que lhes seja
oportuno, vão tentar recuperar os que os ajudaram, evitando que outros ocupem
esses lugares e assim vão perpetuando o sistema.
Na
comunicação social, que influencia a opinião pública, salvo raras e honrosas
excepções, não há lugar para artigos que refiram assuntos que não façam parte
da sua agenda conveniente, mesmo até nas ostracizadas Cartas ao Director.
A
prorrogação de mandatos de Presidentes de Câmara, com que uma diabólica
interpretação da Lei nos quer brindar, envergonha qualquer pessoa de bom senso.
A cereja no
cimo do bolo, o descaramento inaudito, a afronta mediática, é o convite para o
“jornalista” José Sócrates nos brindar, na RTP, semanalmente, com uma conversa
em família. E referi o eventual comentador como “jornalista”, porque o
Sindicato desses profissionais já tomou posição pública a verberar os que são
contra.
Joaquim Carreira Tapadinhas
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