Dois facínoras de baixa condição social, presume-se – pois
também os há no nebuloso mundo do colarinho branco – que, para roubar, terão
agredido barbaramente um recepcionista de um hotel em Faro, vão recorrer da
pena que lhes fora aplicada alegando que a morte da vítima não decorreu da
agressão, mas tão-somente por ter sofrido um ataque cardíaco após a sova e que
o levou ‘desta para melhor’.
Então, se eu empurrar uma pessoa para dentro de um rio e se
ela se afogar, eu posso achar que não fui o culpado de tal morte, uma vez que a
vítima é que não sabia nadar.
Ou, se eu for apanhado na rua numa troca de tiros entre
‘bons’ malfeitores e ficar ferido, a culpa poderá ser só minha, porque não
deveria estar lá (na rua) na altura de tais desacatos.
São pois estas as ‘boas’ leis que temos e que o homem tece,
desculpando-se o agressor e culpando a vítima.
José Amaral