Os tempos estão alterados, dizem uns; os tempos estão
diferentes, dizem outros; os tempos, agora, já não são o que eram, dizem
aqueloutros.
E, no mundo laboral e organizacional, tendo em conta a
estrutura de uma empresa, as mudanças no que toca ao seu organograma são
abissais.
Primeiro, havia o patrão e os empregados; depois, apareceram
o presidente, os administradores, os directores, os chefes departamentais, os
chefes de secção, os chefes de sector, os administrativos, os contínuos, os
paquetes, os porteiros, etc., numa infindável nomenclatura de colaboradores,
como eufemisticamente e actualmente chamam aos trabalhadores.
Hoje em dia, nomeadamente a imprensa ligada à economia e ao
mundo empresarial, ao falar de quem está no topo das grandes empresas e
organizações de vulto, passou a usar os termos CEO e Chairm, como se a Língua
de Camões, a nossa mais profunda matriz cultural que encerra toda a endogenia
herdada dos nossos egrégios antepassados, estivesse já sepultada, como se fosse
uma língua morta.
Eu, até cheguei a pensar que CEO, como neologismo verbal,
pudesse significar, tal como o é para quem está em tais altos cargos, uma
espécie de CÉU, em que o U se fechasse em O, tal como uma bolha de autêntica
beatitude celestial para com quem mora tão alto, em relação aos demais
terrestres, uns autênticos sem-abrigo perante tais senhores.
Mas, como sou uma mente diabólica e um má-língua da pior
espécie, as coisas não são bem assim, pois a candura deste nosso Paraíso
Terreal não tem limites para com tais anjos de topo, que tudo de bom merecem.
Eu explico: Chairm é o equivalente a Presidente do Conselho
de Administração; e CEO – Chief Executive Officer, é o mesmo que Presidente
Executivo de uma Organização.
José Amaral
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