quarta-feira, 19 de março de 2014

A linha de água

Santana-Maia Leonardo - Público de 19-3-2014

Às vezes uma pessoa lê e não acredita. Diz o Editorial do Público de sábado: "(...) A co-adopção (...) é apenas garantir que uma criança criada por um casal gay não fica órfã, não é forçada a ir viver com os avós (...)". Importa-se de repetir?

A geração de Maio de 68, que nos tem governado nos últimos vinte anos, em nome de um ensino centrado no aluno destruiu a Escola, em nome da ressocialização do arguido destruiu a Justiça e em nome do superior interesse da criança destruiu a Família. De boas intenções está  inferno cheio e foi em nome das boas intenções que foram demolidas paredes mestras das nossas instituições com vista a um maior arejamento. O problema é que as instituições, em vez de ficarem mais arejadas, acabaram por ruir com estrondo sobre a cabeça dos alunos, professores, arguidos, ofendidos, filhos, pais e avós.

Em todo o caso, era prudente que os engenheiros sociais não insistissem em continuar a construir em cima de linhas de água porque a natureza humana, quando contrariada, irrompe com a mesma violência que as forças da natureza.

Eu fiquei órfão com 9 anos e, se a minha mãe voltasse a casar, eu só pedia uma coisa: ficar com os meus avós. Se os meus netos ficarem órfãos, caberá também aos avós responder em primeira linha pela sua educação. Como é lógico. Os senhores deputados podem mudar as leis que quiserem, agora podem ter a certeza: um neto meu, se ficar órfão, nem vai deixar de ser meu neto, nem vai viver, de certeza absoluta, com um indivíduo que não lhe é nada.

2 comentários:

  1. A vida social e privada está invadida de novos arquétipos que, para se afirmarem, pretendem destruir os valores essenciais e naturais que sempre têm sido os pilares da família e da sociedade. Sem respeito pela história, nem pelos seus semelhantes, aparece sempre alguém, sempre ofegante a criar coisas diferentes, e de preferência, que ataquem valores ancestrais. Daí, tudo é inovação, e até as relações naturais entre as pessoas podem ser substituídas por esquemas artificiais. É difícil travar toda esta pantomina, porque está na moda ser diferente, e é de bom tom estar do lado do artificialismo.

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    1. Às vezes, eu perguntava-me por que razão os mesmos sectores que antes apoiaram o colectivismo igualitário contra as sociedades liberais e que levaram anos a denegrir o casamento como instituição pretendiam agora abri-la aos homossexuais. Hoje tudo está claro para mim. Os homossexuais são apenas um mero e poderoso aliado dessa gente para conseguirem atingir o seu verdadeiro objectivo: romperem com a linhagem de sangue. Daí a valorização dos pais afectivos e a desvalorização dos pais biológicos. Com a aprovação do instituto da co-adopção, o neto rompe todos os laços com a linha dos avós do progenitor falecido sendo substituído pela família do co-adopante. Está a ver onde isto nos leva?

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