sexta-feira, 14 de março de 2014

O "MANIFESTO DOS 70"

O recente "manifesto dos 70" consegui surpreender-me (positivamente) na política portuguesa. O PR e vários outros políticos e empresários já haviam criticado e lamentado a falta de diálogo e de compromisso entre os agentes políticos. É um verdadeiro crime contra os interesses superiores do País e dos Portugueses, a ausência de um compromisso sobre 2 ou 3 aspectos básicos do resgate da dívida portuguesa. Nenhum dos partidos do chamado arco governativo, teria de abdicar do que quer que fosse dos seus programas ou ideias. Apenas acordar como vamos pagar a dívida e que portugueses irão financiar esse pagamento. Só isto bastaria para conseguirmos reerguer este País numa rota de crescimento sustentado. Mas apenas este grupo de "70 notáveis" conseguiu esse feito. Não julguem os que displicentemente opinaram sobre ele, que terá sido fácil. Há lá pessoas que nunca se falaram antes! Há dirigentes sindicais e patronais. Há políticos que tinham relações pessoais difíceis ou até nulas, antes do manifesto. Da direita à extrema esquerda políticas. É que a reestruturação pedida não contem nada que seja ilegal à luz dos regulamentos e tratados em vigor. Também não entra pela demagogia de impor um "haircut", embora (muito bem) lembre os que antes foram concedidos. Apenas sugerem pagar mais tarde com juros mais baixos. Só isto, e tudo devidamente fundamentado com números fiáveis. Terá sido feito antes do tempo conveniente para as negociações que o governo tem em curso? Talvez, mas o superior interesse do País não se deve sobrepor aos interesses dos credores na troica? O desprezo com que o governo reagiu, esse sim, é verdadeiramente criminoso. O problema destes 70 cidadãos corajosos e de boa fé, é que tiveram razão antes do tempo.
OBS. Publicado na íntegra na edição do jornal "Público" de 15/3/14.

3 comentários:

  1. Neste país já nada me espanta. Como é possível, o Governo, pela voz do Primeiro Ministro, achincalhar uma plêiade de portugueses que, numa assumpção de patriotismo, resolveram tornar público um documento que propõe uma outra terapia para as doenças da Nação? Se isto fosse na Coreia do Norte, em Cuba ou na Venezuela, ainda se podia perceber. Mas numa democracia europeia, isto nem parece verdade. Infelizmente, aparece logo um coro de indivíduos a aplaudir tal dislate. E a comunicação social, tão empenhada em defender interesses que pouco nos interessam, não ataca o Governo e seus sequazes como devia suceder num país que se quer livre e solidário. É o que temos, mas isto vai acabar triste.

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  2. Ora, se demorou mais de trinta anos a endividar e outros a deixar, agora é justo que demoremos igual ou mais tempo a pagar! Simples. Quanto anos a Alemanha demorou a pagar a dívida da guerra d 39 e quanto é que lhe perdoaram? É só comparar.

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  3. Ler o artigo de José Pacheco Pereira hoje no Público. Muito lúcido.

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