Angola comemora os seus quarenta anos de independência, é bom, é
uma espécie de sinónimo de liberdade.
Ser independente é poder tomar todas as decisões que se queira
sem estar subjugado por alguém que tome as decisões por nós - sem nos
consultar, sem querer saber da nossa vontade. Por isso é um conceito que anda
ao lado da liberdade, porque tomar decisões é assumir responsabilidade, ter honestidade
perante as suas próprias convicções, sentir-se bem na forma como pensa o mundo,
e isso só se consegue se não existirem espartilhos nem coletes de força, que
apertem as ideias, espremam os pensamentos, esganicem a comunicação, esvaziem a
acção, boicotem a transformação.
Abafados e amarrados, somos absurdamente dependentes, não temos
autonomia, não podemos crescer.
Sermos independentes porque amamos uma bandeira e nos vem a
lágrima ao olho quando toca uma marcha que pretende identificar-nos,não se pode
dizer que seja mau - pelo contrário - enaltece-nos, puxa-nos o brilho.
Mas quando
estamos condicionados dentro de casa a uma autorização paternalista para sair à
rua e falar, vivemos afinal numa independência dependente, de quem impõe, de
quem diz com palavras falsamente ponderadas e ditas na lentidão de uma
representação de Pai de todos,que só há um caminho: o da aceitação subserviente
de decisões inamoviveis e pessoalmente muito proveitosas.
Demos vivas à independência de Angola, um país que não é independente,
mas gostaria de ser e o será um dia, quando tiver uma massa crítica
suficientemente poderosa para fazer pressão sobre a enorme minoria que governa
o seu povo como se assistíssemos a um “remake”
do estilo colonialista no seu pior estilo.
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