UMA FLOR ENTRE OS
ESCOMBROS
Era um
documentário que mostrava o que vem sendo a destruição sistemática da Síria,
por aqueles a quem cumpriria preservá-la.
Numa zona
afecta aos guerrilheiros que combatem o regime da dinastia Assad, o repórter
ouvia o que restava daquelas martirizadas populações e os combatentes da
guerrilha, constantemente bombardeados pela Força Aérea do regime.
Quem como eu
está longe daquela desgraça, nem por isso pode deixar de se questionar acerca
das motivações de um regime político que, para se perpectuar no Poder, não
hesita em destruír a razão da sua existência.
Que espécie
de gente é esta para quem é mais importante continuar no mando do que ter no
que e em quem mandar, que é o que resulta da destruição metódica que vem
praticando e do êxodo de milhões de cidadãos?...
A dado passo
aparece na reportagem uma menina franzina, de uma inteligência e lucidez
comoventes, relatando que parte da sua família já tinha sido dizimada. O
guerrilheiro diz-lhe que foi o Assad e “propõe-lhe”: “Vamos esmagar-lhe a
cabeça”? Diz-lhe a menina: “Não, isso não. É pecado”!
A resposta
desta criança, com um sorriso de onde emanava uma profunda tristeza, deixou o
guerilheiro sem palavras, a olhar para o repórter, e transportou-me àquele belo
sonho do prof. Agostinho da Silva, de serem as crianças imperadores do mundo,
antes de embrutecidas pela máquina diabólica que o gere e domina.
Agora que
começaram a chegar alguns dos que nos estão “destinados”, não tenho dúvidas de
que os portugueses solidários, de boa vontade, não deixarão de lhes fazer
sentir que são bem vindos, e não usurpadores do que a si tem sido negado; é que
é importante saber não misturar alhos com bugalhos.
E ocorre-me
aqui uma “máxima” muita cara a minha avó materna, Custódia Maria: “Nunca o invejoso
medrou, nem quem ao pé dele morou”…
Amândio G. Martins
Amigo Amândio, só agora li o seu texto, e, desta vez,apenas concordo consigo em dois pontos: na pureza da menina/s e no melhor acolhimento que podermos dar aos refugiados da guerra. Da bestialidade humana. Já tive ocasião de ver alguns vídeos da Síria quando estava em paz. Era um país com coisas lindíssimas e deslumbrantes. Inclusivé, jóias do património da humanidade. E, tal como a Líbia e o Iraque, dos países mais tolerantes em matéria de religião e com melhor nível de vida. E para a bitola daquelas paragens, também dos mais democráticos. Portanto, amigo Amândio, se Assad não é um espelho de virtudes, mil vezes piores e bem mais hipócritas, são os Assades do outro lado do Atlântico e os seus amigos ou subordinados deste lado. Os pulhas que já estão a tentar e vão continuar a impedir que haja aqui no nosso Portugal, e onde se tente, um pouco mais de justiça social e decência.
ResponderEliminarConcordo com o senhor Ramalho que decapitar aqueles países das suas "fortes" lideranças foi o pior que podia ter acontecido, sobretudo sabendo-se dos extremismos que estavam à espreita dessa oportunidade. A minha questão com a Síria é que se a opção da liderança é não deixar pedra sobre pedra,do tipo "se não é para mim também não será para vós" não aproveita a ninguém. Na minha opinião, houve falta de flexibilidade do Governo sírio para lidar com a contestação inicial. Veja o senhor Ramalho o rumo que seguiu a Tunísia, por exemplo... Um abraço.
ResponderEliminarO amigo Amândio é uma pessoa informada e bem formada e isso facilita o diálogo. É verdade que a contestação inicial era justa e aceito que terá havido falta de flexibilidade. O problema depois foi a intervenção externa por interpostas forças extremistas e fanáticas que nada tinham nem têm a ver com as iniciais.Depois foi a tenebrosa escalada. E a tal intervenção externa nunca cessou porque o objectivo dos que almejam a hegemonia global,é a queda do Governo sírio. A cabeça de Assad. Já vimos tantas vezes este "filme". Na Líbia e no Iraque, por exemplo. Outro para si amigo!
ResponderEliminar