O QUE PODERÁ FAZER O PRESIDENTE?
Aos comentadores de "bancada", como eu próprio, é fácil decidir ou criticar. Mas imaginemo-nos, por um momento, na pele do PR. Com os dados de que dispõe, e dos seus actuais limitados poderes, não pode convocar novas eleições, o que seria o mais adequado, face à indisponibilidade de o PS negociar com o PSD-CDS uma plataforma de governo desta coligação que não abdicando do seu proprio programa, pudesse englobar algumas opções socialistas. Nunca poderia no entanto pôr em causa compromissos já assumidos pelo anterior governo com os seus credores internacionais. Esta será sempre a linha "vermelha" de qualquer Estado digno desse nome. Sabemos bem o que aconteceu e acontece ainda na Grécia. Estando o actual PS e a sua direcção fora desta perspectiva resta o governo que este partido tem na forja. Ora, a simples análise dos acordos firmados, eles apenas estão coesos em que não querem a coligação vencedora das eleições no poder. No mais, esse proposto governo terá de navegar à vista, acordando e decidindo leis caso a caso, designadamente a importantíssima lei orçamental. Os membros do PCP, BE e Verdes, nem sequer emprestam ao proposto governo de esquerda os nomes dos seus dirigentes, ou outros quaisquer que dessem mais credibilidade à solução adiantada. Um governo de gestão também terá elevados custos para o País, embora não seja uma impossibilidade total, pois o Parlamento é um orgão legislativo por excelência, e a sua liberdade é total, como se viu em não aceitar um governo que ganhou nas urnas. Concluindo, o PR nunca conseguirá uma decisão que os cidadãos aceitem totalmente, o máximo que conseguirá será sempre 50% de aprovação, o que já seria muito bom. Por isso, respeitemos os seus poderes, certamente vai tentar fazer o melhor que pode e não desiludir a expressiva maioria do povo que o elegeu por duas vezes.
OBS. Publicado no jornal Público na sua edição de 13/11/15.
Dessa figura rocambolesca nem serão de estranhar uns tiques à Luis XIV:"L´etat c´est moi"!
ResponderEliminarO seu comentário é divertido, confesso. Como penso que já aqui escrevi, nunca simpatizei pessoalmente com a pessoa Cavaco Silva. No entanto como político, tenho votado sempre que ele se apresentou, como o "second best". Traduzindo, sempre que votei nele, as alternativas, na minha modesta opinião, eram piores ainda. Como estaríamos hoje com Soares ou Alegre Presidentes? Para mim muito pior, mas para o Górgias, muito melhor penso eu. É a democracia. Desde que eu não o queira "pôr no Campo pequeno" ou o meu Amigo a mim, estamos bem.
ResponderEliminarO que eu acho mesmo bonito, senhor Manuel, é cada um poder expressar o que pensa, sem remoques que nada têm a ver com os assuntos tratados. "Enquanto o homem julgar/ Que é melhor que outro homem/São como cães a ladrar/Não deixam comer nem comem"... Agora, dos políticos, devemos dizer o que nos dá na veneta, porque vivem à nossa custa e tudo o que fazem nos afecta, para o bem e para o mal. E entram-nos no bolso sem pedir licença!
ResponderEliminarSe "remoques" foi lembrar um tempo em que quem não pensava como o poder, era preso ou ameaçado de morte, eu mantenho, pois nunca gostei de totalitarismos. Nem o de Salazar, nem os de "esquerda", que me pareceram mais duros ainda. Agora no substancial do que diz, 100% de acordo.
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