DE BOLORENTOS LIVROS RODEADO
De bolorentos livros rodeado
Moro, senhor, nesta fatal cadeira;
De quinze invernos a voraz carreira
Me tem no mesmo ponto sempre achado.
Longo tempo em pedir tenho gastado,
E gastarei talvez a vida inteira;
O pon to está em que, quem pode, queira,
Que tudo o mais é trabalhar errado.
Principe augusto, seja vossa glória,
Fazei que este infeliz ache ventura,
Ajuntai mais um facto a vossa História;
Mas se inda aqui me segue a desventura,
Cedo ao meu fado e vou co´a palmatória
Cavar num canto da aula a sepultura.
NOTA – Soneto de Nicolau Tolentino
Transcrito por Amândio G. Martins
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