quinta-feira, 10 de maio de 2018

ROMPIMENTO DO ACORDO NUCLEAR COM O IRÃO PELOS EUA


- uma séria ameaça à paz e ao desanuviamento
O Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) condena a decisão da Administração dos EUA de abandonar o acordo nuclear estabelecido com o Irão e mais cinco países em 2015. Uma decisão que se caracteriza pelo arbítrio, perfídia e desprezo pela legalidade internacional e as Nações Unidas, que mina a indispensável confiança nas relações internacionais e que constitui uma agressão à Carta da ONU e ao direito internacional e uma séria ameaça à paz.
No âmbito do acordo assinado entre a Alemanha, a China, os EUA, a França, o Reino Unido, a Rússia, a União Europeia e o Irão, para vigorar por cerca de quinze anos, o Irão aceitou limitar a produção de urânio enriquecido susceptível de ser usado para fins militares, alienar o respectivo stock e permitir a realização de inspecções rigorosas, regulares e aleatórias da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) às suas instalações nucleares. Por seu lado, os restantes signatários comprometeram-se a pôr termo às sanções económicas, financeiras e comerciais e às restrições ao investimento naquele país, impostas seja no âmbito de resoluções das Nações Unidas, seja à sua margem, de forma unilateral.
Desde então, a AIEA tem atestado o escrupuloso cumprimento do acordo por parte do Irão; apenas os EUA continuaram sem honrar uma parte importante dos compromissos que assumiram, como seja o acesso do Irão ao financiamento.
Com a manobra agora anunciada, a Administração dos EUA visa tão-somente criar condições para, sob falsos pretextos e em articulação com Israel – único país do Médio Oriente que detém a arma nuclear, com a conivência dos EUA e restantes potências ocidentais – e a Arábia Saudita, procurar isolar o Irão e impor sanções que prejudiquem profundamente a sua economia e as condições de vida do povo iraniano, como aconteceu até 2015.
Depois das guerras de agressão contra o Afeganistão, o Iraque, a Líbia, a Síria, o Iémene, e outros povos do Médio Oriente, de novo a mentira, a ingerência e a agressão como modo de actuação dos EUA e seus aliados. A verdade é que os EUA ambicionam instalar de novo no Irão um regime subserviente para com os interesses norte-americanos, incluindo a exploração das imensas riquezas daquele país do Médio Oriente.
Reconhecendo que os perigos para a paz são reais, o CPPC apela à intervenção em defesa da paz, pelo fim das ingerências e guerras de agressão.
O CPPC apela à defesa dos princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional como garante da paz e base das relações entre os Estados e povos – única forma de impedir a imposição do arbítrio, da violência e da guerra nas relações internacionais.
O CPPC recorda que os EUA se preparam para, em confronto com o direito internacional, reconhecer Jerusalém como capital de Israel e transferir a sua embaixada para esta cidade.
O CPPC apela à solidariedade com os povos do Médio Oriente vítimas de ameaças, operações de desestabilização e guerras de agressão, nomeadamente à participação nos actos públicos que têm lugar no dia 14 de Maio, em Lisboa, e no dia 15 de Maio, no Porto, de solidariedade com o povo palestiniano vitima há décadas da ocupação e repressão de Israel.
O CPPC apela a todos os amantes da paz para que se lhe juntem nesta justa causa e manifesta a sua confiança de que o movimento pela paz e a legitima aspiração e direito dos povos à paz acabará por vencer.
Direcção Nacional do CPPC

6 comentários:

  1. Dois comentários de teor bem diferente. O primeiro, substantivo, para lamentar e verberar fortemente o rasgar do acordo com o Irão por parte de Donald Trump. O segundo para manifestar a minha estranheza e discordância pela colocação, aqui no blogue, dum texto panfletário duma organização, sem qualquer palavra do autor da publicação. E, para além do facto em si, tem uma série de considerandos que excedem o sugerido no título com o qual, como disse acima, estou de acordo.

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  2. Como espaço informativo que, creio, este blogue é, publiquei este texto. Não é de minha autoria, evidentemente. Mas, quantos textos da autoria de outrem já aqui foram publicados? Inúmeros, não é verdade? Quanto ao mesmo ser panfletário, é a opinião do Fernando, não a minha. A minha, é que é um texto informativo e isso é que importa. Em relação ao conter ou não uma palavra minha, porque é que deveria ter? Como o Fernando não é o gestor deste espaço, vou continuar a publicar aqui o que achar de interesse para quem nos lê. Deixarei de o fazer se quem o administra, considerar que não o devo fazer. Os jornais já nos concedem tão pouco espaço e estão a seleccionar, por motivos que não deveriam, os leitores. Agora é o Fernando também a brandir o lápis azul?

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    1. Começando pelo fim, direi que, se há premonição comprovável, o "lápis azul" vindo da sua "pena", é um exemplo acabado. Previsível. Quanto ao blogue ser espaço informativo, não concordo mesmo. Ele é, por natureza, essencialmente opinativo. Pode conter frases, textos e referências de outrem, mas sempre ( e assim tem sido) com a visão preambular ou final, analítica ou não, de quem os escreve. Salvo algumas efemérides. E, cumprindo o que disse atrás, o Francisco publicará o que entender, mas o meu comentário a mim pertence e responsabiliza, tal como os textos seminais. Que, pode crer, nunca serão publicaçóes "a seco" e, portanto, panfletárias.

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  3. Tenho dúvidas sobre se me deveria imiscuir nesta troca de comentários, o que, aliás, explica que o faça tão tardiamente. Mas, aí vai a minha opinião.
    Pessoalmente, nunca entendi este blogue como um espaço informativo. Destinado a expressar ideias e poder partir delas para a discussão livre e responsável, isso sim.
    Cada um dos credenciados a nele intervir pode escrever o que quiser. Sem limites? Claro que não, exige-se urbanidade e, acima de tudo, bom-senso e sentido de equilíbrio. Aliás, o traço comum aos autores é o de que enviam cartas aos jornais para eventual publicação. Ora, ninguém envia textos do tamanho d’Os Lusíadas, como também ninguém envia textos programáticos de partidos ou outros movimentos, uma vez que os jornais, tal como este blogue, são, por natureza, não-confessionais. Não se trata de estarmos em acordo ou em desacordo com eles, trata-se de que o interesse do blogue é dar espaço livre a quem pensa ter alguma coisa a dizer, de preferência de forma original. Devem-se repudiar citações? É óbvio que não, mas, naturalmente, insertas num determinado contexto, como reforço ou ilustração.
    Quanto ao “panfletário”, pessoalmente, não utilizaria o termo que, se não estou enganado, tem vindo a ganhar significados cada vez mais pejorativos, já não se reduzindo aos tradicionais conceitos satíricos, com mais ou menos violência verbal. Quantas das extraordinárias canções de Zeca Afonso eram/são panfletárias e, ainda assim, do melhor que se fez na música portuguesa?
    O que importa, penso eu, é que se escreva muito e se copie pouco, sempre na certeza de que não há lápis azuis. Uma certeza tão absoluta como a que, quando tornamos público um determinado texto, ele se torna imediata e naturalmente alvo de crítica, positiva ou negativa. E ainda bem!
    Tudo o que acima disse resulta estritamente do meu pensamento, não passando de uma opinião pessoal e, é claro, discutível.

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    1. Inicialmente pensei em não juntar nada mais à troca de opiniões. Mas o respeito pelo blogue, em si, e pelo José Rodrigues, em particular, leva-me a repetir a "presença". Antes do mais para o felicitar por intervir e judiciosamente. Porque o que disse nos três primeiros parágrafos é, exactamente, aquilo que penso e escrevi, não me debruço sobre isso. Quanto à palavra panfleto, discordo de si ( até porque a usei, intencionalmente, sem aspas) porque lhe dou, exactamente, o significado que ela tem, sem segundas intenções. Um escrito claramente propagandista que se encobre sob um título que só cobre uma parte (com que estou de acordo) do seu corpo de texto, o que é?

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  4. Só agora vi o comentário do amigo José Rodrigues com o qual concordo.

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