Coisas de estarrecer!...
A notícia do JN revela que uma senhora de 94 anos, sem
necessidades económicas, morreu de fome porque a mulher a quem confiou os bens,
na condição de a cuidar, esteve-se nas tintas para essa obrigação; e foi o
cheiro insuportável que da casa saía que alertou a vizinhança, que a foi encontrar desnutrida e envolta nos seus próprios dejectos.
A notícia refere a tal alimária que ficou com os bens da
senhora como “a cuidadora”, que terá assumido o encargo depois de um familiar
da velhinha lhe ter extorquido uma grande quantia em dinheiro; mas o que parece
claro aqui é que não basta uma pessoa usufruír de uma boa situação económica
para viver uma velhice tranquila, é preciso também ter muita sorte com as
pessoas que a rodeiam, e o lancinante documento que veio a público tem tudo
para uma intervenção das autoridades.
E não são raras situações destas, em que idosos abastados,
com más relações com a familia, ou sem família próxima, atraem oportunistas sem
escrúpulos que, garantida a posse dos bens, só lhes interessa que a vítima
morra depressa e que não se fale mais nisso, sendo de questionar as leis que
permitem que vigaristas deste calibre possam apoderar-se dos bens, que deveriam
reverter para o Estado, tendo aqui lugar, a meu ver, a vigilância dos vizinhos
e da autarquia mais próxima, que será a Junta de Freguesia...
Amândio G. Martins
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