Similitudes...
Do poeta Cesário
Verde, transcrevo parte de um poema que falava de algo semelhante ao que agora
experimentamos, mais localizado mas sem os mesmos meios:
Nós
Foi quando em dois
verões, seguidamente, a Febre
E o cólera também
andaram na cidade,
Que esta população,
com um terror de lebre,
Fugiu da capital como
da tempestade.
Ora, meu pai, depois
das nossas vidas salvas,
(Até então nós só tivéramos
sarampo)
Tanto nos viu crescer
entre uns montões de malvas
Que ele ganhou por
isso um grande amor ao campo.
Se acaso o conta,
ainda a fonte se lhe enruga:
O que se ouvia sempre
era o dobrar dos sinos;
Mesmo no nosso prédio,
os outros inquilinos
Morreram todos. Nós
salvámo-nos na fuga.
Na parte mercantil,
foco da epidemia,
Um pânico! Nem um
navio entrava a barra,
A alfândega parou,
nenhuma loja abria,
E os turbulentos cais
cessaram a algazarra.
Pela manhã, em vez
dos trens dos baptizados,
Rodavam sem cessar as
seges dos enterros.
Que triste a sucessão
dos armazéns fechados!
Como um domingo inglês
na city, que desterros!
Transcrito por
Amândio G. Martins