Dos governantes actuais já ninguém espera ouvir uma só verdade sobre a
realidade do país e as dificuldades sérias que esconde mas que advertem
subrepticiamente ainda existirem como um pedregulho enorme. Em dezembro de
2011, escrevi uma carta/alerta que o JN reproduziu, e que se intitulava,
"O euro está a dar o peido", mas que o pudor do jornal dominante do
norte e muito influente no país, creio que trocou o título por "O euro
está a dar o berro". Dizia-se então nessa "carta" a certa altura
que " certos países estão ameaçados de expulsão-(agora chama-se Grexit
ao que julgo)- do clube da moeda única e de terem de regressar à sua antiga
condição fiduciária, e no caso de Portugal, ao escudo, que será depois aceite
ou não....". Passados que são já quatro anos desde essa minha
previsão, eis que a Grécia está com pé e meio fora da dita moeda única e a mais
polémica que uniu uns quantos países e os embaraçou sem fim à vista. Mas como
uma desgraça nunca vem só, eis também que os nossos governantes e contabilistas
de cêntimos e com os olhos já nos tostões antigos, agitam-se nas cadeiras e na
imprensa, com comunicados e avisos de que embora os cofres estejam cheios, tal
fortuna ou tais reservas não dão se não para curto prazo. Aqui começamos a ver
meio pé de fora do Portugal ameaçado. Ouvido ou lido assim, ficamos logo a
pensar que depois deste sofrimento assistido com roubo e outros assaltos, que
nos traz nesta miserável austeridade, qual é afinal a diferença desta
governação que ainda nos consome até ao tutano, comparada com a situação em que
estavam os cofres do governo de José Sócrates? É verdade que o 1º ministro diz
que tem debaixo do colchão uns trocos não declarados que nesta altura de
campanha eleitoral dão muito jeito publicitá-los, e que nos dão garantias de
que a seguir à Grécia, Portugal não irá logo atrás, ou se coisa mais grave
acontecer. A ministra Maria Albuquerque parece que já começa a gaguejar dando a
ideia de que as certezas já não o são tanto e já duvida da tal poupança que
encheu os cofres, e que afinal o pedregulho é ainda pesado como penedo para o
levar até ao cimo da montanha sem mais sacrifícios - ou seja, deitará mão a mais
assaltos às reformas, pensões, salários, despedimentos, impostos, e quanto
consta do menu habitual. A nossa estrelinha da sorte contudo, está, que no
Eurogrupo não há unanimidade na medida de expulsão da Grécia, e nós lá prosseguiremos
à boleia se vencer essa vontade e a teimosia dos gregos em fazer valer a sua
democrática votação, cedendo no que entende ser razoável ceder, sem a obcessão
de castigar o seu povo como faz o governo luso sem pestanejar sequer, quanto
mais bater o pé como os helénicos batem, há um tempo tal que a nós não seria
tolerado, e nem homens temos para isso. Assim o efeito de dominó não acontecerá
e a ele seremos poupado. Se assim tudo se passar, ainda bem, e então
descansaremos e já podemos regressar mais confortados ao emprego para quem o
tem, e poder preocuparmos-nos com os aninhos do Cristianinho e às
lipoaspirações, mesolift´s e demais tratamentos das caras lindas e esticadas
das famosas da nossa praça e das clínicas que as limpam de cima a abaixo. É o
paraíso de novo a abrir-se. Viva Portugal das carteiras aliviadas e vidas
esgotadas!
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