quarta-feira, 17 de junho de 2015

Dr.Sem Memória e Dª. Mentira

Dos governantes actuais já ninguém espera ouvir uma só verdade sobre a realidade do país e as dificuldades sérias que esconde mas que advertem subrepticiamente ainda existirem como um pedregulho enorme. Em dezembro de 2011, escrevi uma carta/alerta que o JN reproduziu, e que se intitulava, "O euro está a dar o peido", mas que o pudor do jornal dominante do norte e muito influente no país, creio que trocou o título por "O euro está a dar o berro". Dizia-se então nessa "carta" a certa altura que " certos países estão ameaçados de expulsão-(agora chama-se Grexit ao que julgo)- do clube da moeda única e de terem de regressar à sua antiga condição fiduciária, e no caso de Portugal, ao escudo, que será depois aceite ou não....". Passados que são já quatro anos desde essa minha previsão, eis que a Grécia está com pé e meio fora da dita moeda única e a mais polémica que uniu uns quantos países e os embaraçou sem fim à vista. Mas como uma desgraça nunca vem só, eis também que os nossos governantes e contabilistas de cêntimos e com os olhos já nos tostões antigos, agitam-se nas cadeiras e na imprensa, com comunicados e avisos de que embora os cofres estejam cheios, tal fortuna ou tais reservas não dão se não para curto prazo. Aqui começamos a ver meio pé de fora do Portugal ameaçado. Ouvido ou lido assim, ficamos logo a pensar que depois deste sofrimento assistido com roubo e outros assaltos, que nos traz nesta miserável austeridade, qual é afinal a diferença desta governação que ainda nos consome até ao tutano, comparada com a situação em que estavam os cofres do governo de José Sócrates? É verdade que o 1º ministro diz que tem debaixo do colchão uns trocos não declarados que nesta altura de campanha eleitoral dão muito jeito publicitá-los, e que nos dão garantias de que a seguir à Grécia, Portugal não irá logo atrás, ou se coisa mais grave acontecer. A ministra Maria Albuquerque parece que já começa a gaguejar dando a ideia de que as certezas já não o são tanto e já duvida da tal poupança que encheu os cofres, e que afinal o pedregulho é ainda pesado como penedo para o levar até ao cimo da montanha sem mais sacrifícios - ou seja, deitará mão a mais assaltos às reformas, pensões, salários, despedimentos, impostos, e quanto consta do menu habitual. A nossa estrelinha da sorte contudo, está, que no Eurogrupo não há unanimidade na medida de expulsão da Grécia, e nós lá prosseguiremos à boleia se vencer essa vontade e a teimosia dos gregos em fazer valer a sua democrática votação, cedendo no que entende ser razoável ceder, sem a obcessão de castigar o seu povo como faz o governo luso sem pestanejar sequer, quanto mais bater o pé como os helénicos batem, há um tempo tal que a nós não seria tolerado, e nem homens temos para isso. Assim o efeito de dominó não acontecerá e a ele seremos poupado. Se assim tudo se passar, ainda bem, e então descansaremos e já podemos regressar mais confortados ao emprego para quem o tem, e poder preocuparmos-nos com os aninhos do Cristianinho e às lipoaspirações, mesolift´s e demais tratamentos das caras lindas e esticadas das famosas da nossa praça e das clínicas que as limpam de cima a abaixo. É o paraíso de novo a abrir-se. Viva Portugal das carteiras aliviadas e vidas esgotadas!
                    

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