Ninguém diria que hoje é o Dia Mundial da Criança. O tempo está engraçadinho para as crianças brincarem ao ar livre, irem fazer um piquenique, conviverem com os pais, fazerem uma vista até à praia. Enfim, terem um dia diferente. Mas não creio que isso vá acontecer, quanto muito vão almoçar ou jantar ao McDonald's, enfardam o menu criança e pronto, está comemorado este maravilhoso dia. Enfim, vamos a temas que realmente importam.
Diz-me a edição do Jornal de Notícias que há cada vez mais dependentes de jogo offline e online a pedir apoio especializado ao Serviço Nacional de Saúde. Quem diria, será isto um novo fenómeno? Dependentes de jogos de máquinas de casinos, roletas, cartas e todas essas coisas? Ui, mas afinal há dependência? Aqueles conselhos que os meus pais transmitiram, eram verdadeiros? Desta não estava mesmo nada à espera. Quem diria que se tratava de uma nova realidade e ao que parece, o Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), já se está a especializar e a ter de dar formação específica aos técnicos que antes eram especializados em auxiliar toxicodependentes e alcoólicos. Diz ainda que há cada vez mais jogadores a pedirem ajuda, ajuda para deixarem o vício de jogar.
É realmente um vício de porcaria, o de jogar. Lembro-me desde de criança de os meus pais me dizerem que nunca ninguém ficou rico graças a estes maravilhosos jogos de dinheiro. E é um facto. Nunca conheci ninguém que ficou milionário graças aos jogos dos casinos. Mas, tal como a maioria das crianças hoje em dia (curioso falar delas neste dia) já não acreditam no Pai Natal ou até mesmo no Coelhinho da Páscoa, não deixa de ser um espanto que os jovens que atingem a fase adulta ainda acreditem firmemente que podem mudar a sua vida para melhor, depois de injectar um salário inteiro numa máquina. Para mim, não deixa de ser uma autêntica anedota, e estimo bem que quem o faça, apodreça nos cantos das cidades.
Ainda assim, acho que vale a pena questionar como é que estes negócios ainda existem. É óbvio que irá prejudicar quem joga de forma compulsiva e quem não se consegue controlar. Devia existir um limite imposto pelo próprio estabelecimento e o Estado devia intervir. Claro que com esta última moda de jogo de apostas online, tudo se torna mais complicado. Mas antes, nunca ninguém se importou muito com os casinos, mesmo sabendo que houve famílias completamente destroçadas após excessos de alguém completamente consumido pela ganância do dinheiro.
Já que está na moda tentar sensibilizar os fumadores, será que também não devíamos colocar avisos em cada máquina destes estabelecimentos? Colocar avisos em sites legais de jogos online? Se calhar não ia ajudar muito, mas o aviso estaria lá. Estima-se que existam 400 mil viciados em jogos a dinheiro em Portugal, o que até dá um número bonito de se ver em termos estatísticos.
Sei perfeitamente quem está a lucrar com isto, e sei também quem está a sofrer com estes cancros da sociedade. Em tempos de crise há sempre fenómenos que se tendem a repetir.
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