sexta-feira, 5 de junho de 2015

Polícia recusa louvor

Nem sempre os jornais são sinónimo de esclarecimento. Também são veículo de transmissão de falsidades, de más interpretações, de assuntos enganosos. Muito se badalou após os acontecimentos em Guimarães, em que a polícia de choque e fardando chique, "enfardaram" com pancadaria no exterior do estádio, após um jogo de futebol, o pai, de umas crianças que felizes junto desse maior valor da vida e mais que herói, e do avô presente, bebiam um gole de água por garrafa de plástico doada por gentileza por uma senhora lá do sítio, calmo até ali. Um polícia do costume e do azedume, umas vezes enaltecido por grandes feitos e obras valorosas, outras denegrido pelo seu passado de malvado, abordou-os, puxou dos maus fígados e do cassetete, e encetou a cacetar nas costas, pernas, e pelo restante corpo onde coubesse a pancada, o pai amigo e de seguida o velho avô das crianças com as cores vencedoras. O rapaz mais novo de mão estendida tentou salvar o progenitor, o seguinte filho reagiu também, e o grande avô não ficou paralizado com o que via e estremeceu dentro do absurdo, mas isso valeu-lhe levar dois valentes, ou cobardes murros, do polícia espelho e espalha brasas odiosas que ardem no escuro da Corporação. Enquanto o pai levava para contar das boas, o avô se coçava a aliviar a dor nos queixos, o filho mais velho era apoiado, o filho caçula mijava-se pelas pernas abaixo, juntando a urina às lágrimas até fazer um rio de tristeza e de raiva, que o país viu correr. O polícia valente como se recomenda o seja(!), está meio ao serviço meio escondido, e talvez receba a tal promoção suspensa mal tudo acalme. Mas agora também os jornais nos dizem que querem louvar um outro polícia na sua terra natal, Monção, por este ter "protegido" a criança aterrorizada e ofendida pelos acontecimentos a que foi sujeito sofrer. Ora tal protecção nunca existiu. O que existiu foi um polícia com a mesma figura do seu chefe caceteiro, afastar o rapaz numa de o acalmar mas e sobretudo tapar-lhe a visão para que ele não alcançasse com os olhos molhados a dantesca porrada a que o seu pai pelo chão continuava sujeito, e assim bloqueado a humilhação suavisasse e o arfar se apagasse. O polícia dito protector, sê-lo-ia, se investisse sobre o seu chefe algoz e o chamasse à razão de modo a fazê-lo parar as agressões que cometia barbaramente. E então ele se colocaria do lado humano, mas esteve apenas do lado da conivência, tal como os demais que sabem fazer “gravatas”. Não nos deixemos enganar. A criança mal tratada não foi sossegada nunca mesmo quando viu o seu pai passar-lhe ao lado e a subir a rampa, algemado. Louvem antes o diabo!


2 comentários:

  1. O comentarista tem toda a razão. É preciso aprofundar as situações e não observar de modo leviano. Nada há de extraordinário na acção do "polícia protector". Ele apenas segurou a criança enquanto o pai estava a ser agredido. Ir muito para além disto é folclore.

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  2. Subscrevo no essencial as palavras, ou se quiserem, o texto de Mouraria-Mouraria acerca do que se passou em Guimarães, cujo título é : Policia recusa louvor.

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