Falta de rigor na
informação
O Acordo Ortográfico, nascido de
parto artificial, é mais um problema a solucionar num futuro próximo, a que se
juntam outros, que têm uma maior influência no dia-a-dia de todos nós. A
comunicação deve ser isenta, especialmente quando se trata da relação entre
governantes e governados e os respectivos órgãos devem utilizar adequadamente
os verbos na construção das frases. Devem ser justos e imparciais e não
construir as notícias de forma a transformar os deveres do Estado em benesses a
favor dos contribuintes. A linguagem dos órgãos de comunicação, que hoje se
dirigem a uma população muito diferente da que existia há umas dezenas de anos,
deve ser suficientemente cuidada, para não contribuir para acirrar ainda mais as
difíceis relações sociais, pois quanto mais consciência de cidadania houver,
maior a necessidade de utilizar o léxico adequado.
Construir uma notícia dizendo que
o Estado pagou, a um milhão de cidadãos, uns milhões de euros de IRS, é uma
patranha que ofende qualquer cidadão atento, pois o Estado apenas devolveu aos
cidadãos pagantes, importâncias que tinha em seu poder e que estes pagaram sem
as dever. Logo a notícia, para ser correcta, devia utilizar o verbo devolver e
não o verbo pagar. A construção da frase devia ser, mais ou menos esta: “Estado devolve aos contribuintes as
importâncias de IRS pagas em excesso”.
Este é apenas um exemplo, que vem
a propósito, pois, lamentavelmente, o caminho está, desde há muito tempo,
intransitável para quem queira respirar de cabeça levantada.
É altura de acabar com a
subserviência, pois só assim merece a pena viver e disfrutar de um país livre.
A comunicação social, sempre perto de nós, é o veículo de excelência para
ajudar a construir uma sociedade melhor.
9.06.2015
Joaquim Carreira Tapadinhas, Montijo
Publicado no "Público", com cortes, no dia 16.06.2015.
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