quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Acordo Incómodo

Há acordos e acordos. Os que depressa se desvanecem e os que ficarão gravados nas pedras da história, como algo marcante para o desenrolar das atribuições políticas de uma nação. O que se passou em Portugal, foi esta segunda premissa. O acordo assinado á esquerda, permite inferir desde logo uma consonância única entre partidos que nunca  se acordaram em matérias governativas, pois viviam divididos por um muro de betão , que dificilmente alguém pensaria em ousar derrubar. O PS , ousou: fez bem. Goradas as tentativas de um entendimento á direita, a esquerda posicionou-se como o garante da constituição, prometendo salvaguarda dos direitos, liberdades e garantias, que durante quatro anos foram continuamente postas em causa pela coligação PAF.
Quando as negociações começaram, logo a direita encheu-se de tiques nervosos, pela via do insulto e bota abaixismo; lançou o discurso do medo fazendo crer com isso, que a sociedade portuguesa só tinha um caminho para escolher. Nada mais errado. Tal como em tudo na vida, existem sempre vários caminhos; existem sempre alternativas e até tomar uma decisão tem de se aferir das várias possibilidades e negocia las com quem está disposto a isso. A direita, só tinha uma alternativa: e foi logo a que o PS não queria mais. Nem sequer se esforçaram, por mostrar um outro caminho ; o que a coligação queria e desejava, era manter-se no poder a todo o custo, para prosseguir com a sua cartilha ideológica de destruição do tecido empresarial e o continuo agravamento das condições de vida das pessoas.
O PS , depressa se deu conta de que se optasse por esse caminho, segundo a tradução que muitas vezes foi invocada pela direita, caminharia a passos largos para a "morte" política, a chamada pasokizacao . Ao invés, preferiu dialogar com as outras forças políticas, na tentativa de chegar a um acordo que pusesse um travão ao acelerador da austeridade e que afinasse a máquina de investimento oleando  a referida, com medidas impulsionadoras para recuperar a saúde da dita máquina, então deteriorada.
Depois de várias semanas de intensivas negociações, celebrou-se um acordo histórico; para alguns tornou-se um acordo incómodo. Incomodo não porque é inédito e vem quebrar com as regras do que para a direita era normal, mas incómodo porque estes mesmos "democratas" têm receio que o mesmo funcione e assim ponha em causa e a descoberto, todas as mentiras levadas a cabo durante quatro penosos anos de uma austeridade cega e totalitária. O acordo vai entrar para os anais da democracia poetuguesa; quanto aos que se sentem incomodados, só posso dizer: temos pena, meus caros. É a democracia a funcionar.

4 comentários:

  1. Ele não é incómodo porque não existe. O que existem são três papeis (um para cada partido) intitulados Posição Conjunta. Aproveito para perguntar porque é que os que não estão de acordo com este arranjo são "democratas" (com aspas). São menos democratas só por não estarem de acordo? Por n~~ao terem a sua opinião?
    Sr. Rui Oliveira, a democracia a funcionar (como diz) funciona para todos os lados caso contrário deixa de o ser.

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  2. Na segunda década do século XXI, na Europa, num país tido por civilizado com se diz de Portugal, como é possível querer um sistema democrático em que sejam sempre os mesmos a decidir? O mundo não acabou porque, contra a tradição, a esquerda se entendeu para governar o país. Podem estar errados no programa que propõem, mas também podem estar certos. Portugal, há umas décadas a esta parte, tem sido mal governado. Desde a destruição de barcos de pesca, paga com subsídios, em lugar de se construir estaleiros para produzir novas unidades, ao arranque de espécies agrícolas para alterar as produções e os ambientes ( a produção de girassol e a implantação de fábricas de óleo foi um fracasso) e ao encerramento de unidades de indústrias pesadas que não correspondiam à modernidade em vez de modificá-las, desde a construção de estradas, estádios e pavilhões sem o devido aproveitamento, que foram pagas parcialmente pelos subsídios da UE, mas que a parte que nos coube teve de ser suportada pelo crédito externo, contribuindo para a elevada dívida soberana que temos que suportar, até aos roubos e desfalques que são do conhecimento público, tudo isto está às costas dos portugueses. Procurar novos caminhos, ainda que alguns dos guias estejam comprometidos com rotas anteriores, é uma hipótese não desprezível. A democracia tem destas coisas e se queremos ser democratas temos de respeitar os resultados e os acordos feitos entre os representantes do povo. Com dizia o Tirica, deputado brasileiro que teve uma curta incursão na política, "Votem no Tiririca, que pior que ao que está não fica".

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  3. Caro J. Carreira Tapadinhas,
    Em muito estou de acordo consigo menos no final. É sempre possível fazer pior.

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