«Se Portugal e os Portugueses
estivessem primeiro, os números de 4 de Outubro último deveriam ser
interpretados não apenas como uma vitória da Coligação, mas também como uma
derrota (olhando para os 738.754 votos perdidos em relação a 2011) de Passos
Coelho e de Paulo Portas. E sendo assim, com um Governo minoritário no
Parlamento, porque não estas alminhas não terem entendido isto não só como um
cartão amarelo ao PSD e ao CDS… mas também como um cartão vermelho a eles
próprios?
Por incrível que pareça, o Zé-povinho
até se foi resignando às duríssimas medidas de austeridade apresentadas ao
longo da última legislatura!
Estranhamente, quiçá induzido
pelos comprimidos do Futre (agora com dupla potência) o motor de arranque
económico começou a querer pegar no sector imobiliário, no sector automóvel… e
até no pequeno “sex-shop” lá do bairro!
Apesar de tantos cortes, dizia-se
que a taxa de poupança também estava a dar sinais da sua graça (ou da sua da
desgraça, sabe-se lá)!
O Nordeste Brasileiro, as
Caraíbas e Cabo Verde (seguindo o exemplo dos chocolates do Ambrósio),
começaram a ter novamente procura no seu tempo próprio, ou por confiança ou por
desconfiança no repentino e estranho desejo de requinte da “patroa” (sic)!
Enfim: Face ao abstracto quadro
com que o País se confronta, fossem eles (Coelho e Portas) verdadeiros
políticos, estadistas, ou que lhe queiram chamar e poderiam muito bem ter dado
o golpe de misericórdia a Costa, fazendo-se afastar e nomeando para
Primeiro-Ministro e Vice Primeiro-Ministro, dois outros nomes de peso dos seus
respectivos Partidos (que julgo havê-los)… mais credíveis, menos arrogantes,
mais dialogantes e menos entediantes! Isto, se Portugal e os Portugueses
estivessem primeiro!»
António Carvalho, Gouveia
(Público, 7-11-2015)
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