Dizem que António Costa
(AC) é um político inteligente e muito experimentado. Sinceramente, depois do
que se passou nos últimos dias, penso que o seu raciocínio está toldado pelo
seu primordial objectivo de ser PM, apesar de ter perdido as eleições. Em
recente entrevista na TV, teve de confessar que os partidos de esquerda a que
se quer aliar para derrubar o novo governo, não quiseram ficar no governo
que irá eventualmente apresentar ao PR. Como é que AC pretende que o
PR acredite na sua solução governativa, se o próprio PCP e o BE não acreditam,
ao ponto de comprometerem nele um simples ministro? Pode ser uma alternativa
válida para derrubar o actual governo, porque disporá de maioria de votos na
AR, mas governar em termos de curto ou médio prazos é outra coisa, bem
diferente. No governo todos os dias se tomam decisões, depois de ponderar
diferentes opções. AC não percebe que estando PCP e BE fora do governo,
teria de consultar estes partidos diariamente? Não se lembrará que todos os
governos que quiseram ter maioria parlamentar, sempre procuraram comprometer os
diferentes partidos apoiantes no mesmo governo? O actual governo e o anterior,
que pela primeira vez conseguiu, embora com dificuldades conhecidas, completar
uma legislatura completa, tinham a maior parte dos ministros como membros dos
partidos componentes e os outros da mesma área política. O PR tinha
considerado em 22 de Outubro, que o PS e os seus actuais aliados tinham
apresentado "uma alternativa claramente inconsistente" (fim de
citação). E acrescentou na mesma altura, ser "significativo
que não tenham sido apresentadas, por essas forças políticas, garantias de uma
solução alternativa estável, duradoura e credível" (fim de citação). Ora
como é que AC poderá garantir, com ou sem papel assinado pelos partidos ora
aliados no derrube de Passos, que o seu proposto governo é estável, duradouro,
credível e consistente? Concluindo, o PCP e BE dizem que vão apoiar AC, mas não
aceitando entrar no governo, estão necessariamente com reserva mental. Na
primeira divergência, na primeira confrontação de princípios programáticos dos
vários partidos, quem não está no governo, está sempre mais à vontade para dar
a facada mortal no PM, quando este não se render ás suas exigências. Em
boa verdade, o único objectivo desta aliança de esquerda, em que todos estão
100% consistentes, é no derrube deste novo governo. Em tudo o mais, sobretudo
na questões europeias e orçamentais, são pouco credíveis e nada consistentes.
OBS. Publicado no jornal Público na sua edição de 10/11/15.
É evidente. Claro como água pura e cristalina.
ResponderEliminarObrigado caro Afonso, pelo amável estímulo para continuar.
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