Dignidade e vergonha na cara...
A luta política por votos, a luta por audiências, a luta por
vantagens seja do que for leva pessoas aparentemente decentes, que elas próprias
não se cansam de apregoar, a recorrer a todo o tipo de artimanhas e patifarias
para “passarem a perna” ao seu semelhante, enganarem meio mundo, na tal velha síntese
que os fins justificam os meios.
Mas assim como são conhecidos oásis no deserto, assim também
de vez em quando topamos com exemplos que nos dão esperança; e com a recente
morte do político norte-americano John McCain percebi melhor a real envergadura do Homem que era, não tanto
pelas palavras dos seus imensos admiradores mais próximos mas também de gente
de todos os quadrantes e latitudes.
As televisões mostraram um pequeno mas revelador episódio
registado na campanha para a
presidência, com Obama como competidor, quando uma velha da direita
ultramontana, com a cabeça cheia de certezas contra o negro, lhe colocou a
questão de ele ser árabe; e a forma serena como McCain não hesitou em desiludir
a senhora, sabendo que não era aquilo que a populaça que enchia o pavilhão queria
ouvir, diz muito do homem: “Não, minha senhora, é um bom americano e um homem
de família; tenho com ele muitas divergências mas não nesse ponto”.
Já se percebeu que o imobiliário se pode vir a transformar
numa selva em que os mais fortes transformam num inferno a vida dos mais fracos
e não é só por cá; em Espanha, os chamados “fundos abutre” têm vindo a tomar
posse de milhares de habitações, confrontando logo de seguida os inquilinos com
aumentos incomportáveis, mesmo em zonas ao abrigo de protecção social, o que já
obrigou o Governo a intervir, proibindo esse tipo de negócios.
E ouvir o político Rui Rio, a pretexto da polémica instalada
entre a Direita e o BE, sobre o projecto deste partido para impor regras no
imobiliário, dizer que lhe parece um disparate pôr "nomes feios" à proposta só por ela
vir dos bloquistas, também me deixa do homem uma nota de honestidade e decência
na política...
Amândio G. Martins
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