sábado, 22 de setembro de 2018

MANIFESTO DO ARTISTA REVOLUCIONÁRIO E CRIADOR

O artista tem que ser revolucionário, interventivo, não pode ser o versejador da corte. A arte tem que provocar o pensamento, o espanto, a acção. Não faz sentido uma arte meramente reprodutora, recreativa, de entretenimento. O artista, o poeta tem de provocar, de dar a cara, de contestar a sociedade burguesa a toda a hora. Cabe-lhe transformar o mundo ou contribuir para a sua transformação. Por isso deve ser o criador de Nietzsche, aquele que faz da vida um experimento permanente, aquele que se passeia na corda-bamba do devir, aquele que canta e dança. Porque a arte é embriaguez e é dionisíaca, apela à hybris e à desmesura por oposição à castração, à poupança, à economia. Daí que o artista seja também um incendiário, aquele que insulta os deuses, os poderes e o dinheiro. Nesta época de caos o artista deve agudizar o caos para um dia chegarmos ao paraíso, à harmonia. O artista deve intervir sempre na polis, na vida pública. O artista é o Criador.

6 comentários:

  1. Gostei do seu texto. A sua definição de Arte, que é isso de que se trata, não se distancia muito da minha. Confesso que, lamentavelmente, não fui bafejado pela chama da criação. Resta-me curtir o possível e curto engenho da técnica, nunca me afastando muito da “vidinha” de que falava o O’Neill. O que não me impede de invejar as capacidades de provocação, de contestação, de exagero. Para poder dizer, com Sá de Miranda, “m’espanto às vezes”.

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  2. Se a provocação tiver alguma substância pode levar as pessoas a repensar as suas concepções da vida e do mundo; todavia, se o objectivo do artista é chocar por chocar, da sua passagem pela terra ficará apenas uma vaga recordação da sua triste figura.
    O actor espanhol Willy Toledo, que se diz um provocador, montou um espectáculo grotesco em que, às tantas, apregoa aos quatro ventos que "se caga em Deus e ainda lhe sobra merda para a Virgem Maria"; ora isto não revela qualquer criatividade e revoltou muita gente, independentemente de crenças ou não crenças. E não me parece que o artista que causa repulsa à sua volta ajude a resolver qualquer dos problemas que afligem a Humanidade. Criou ainda um problema para si próprio dado que persiste por lá uma lei que criminaliza "ofensas aos sentimentos religiosos", ficando imputado...

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  3. Concordei com o texto e também concordo com o comentário do senhor Amândio. O que significa que, nem oito, nem oitenta.

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  4. O problema é definir os critérios do que é ou não é Arte. E que esses critérios são, em grande parte das vezes, meramente efémeros. No que toca à Arte Contemporânea, por exemplo, na minha infinita ignorância, não duvido que alinharei com os critérios de algumas senhoras da limpeza de exposições e museus, mandando para o lixo, sem apelo nem agravo, o que alguns consideram “obras de arte”. Também gostava de ter a certeza de que a Arte, para o ser, tem de ser “engagée”, tem de ser útil a qualquer coisa. Mas não, não é assim.

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