Estamos “bem” acompanhados...
Dizia ontem o jornalista espanhol Pablo Montesinos que,
desde que foram descobertas irregularidades no “mestrado” de Cristina Cifuentes,
que levaram à sua demissão do cargo que desempenhava, tem sido “um ver se te
avias” de correcções de currículos no Parlamento, tal o número de qualificações
inflaccionadas que continham.
E um novo “desporto” afadiga os meios de comunicação
espanhóis, que consiste em demonstrar qual deles descobre mais “arranjinhos” e
plágios nos trabalhos académicos dos políticos mais em evidência, que são os
que mais lhes interessam. E pelo que já se sabe, a Universidade Rey Juan Carlos
I fica muito mal colocada, assim como Alvarez Conde, um proeminente professor
dessa instituição, que parece ser o ponto comum em todas as anomalias
verificadas.
Desmascarada que foi Cristina Cifuentes, que se recusou a
mostrar os TFM-trabalhos de fim de mestrado, dizendo que os tinha perdido,
seguiram-se as dúvidas sobre Pablo Casado, ainda antes de ser eleito líder do
PP; pelo meio foi “apanhada” a ministra da Saúde, Carmen Montón que, licenciada
em medicina, quis fazer na malfadada escola um mestrado em “reprodução
assistida”, acabando por se demitir.
Entretanto o líder do “Ciudadanos”, Albert Rivera, talvez
por já ter sido desmascarado pela Universidade de Barcelona por apresentar
falsas qualificações, encarniçou-se contra Pedro Sánchez, exigindo que tornasse
pública a sua tese de doutoramento em economia pela Universidade Camilo José
Cela, ao que o chefe do Governo respondeu que ela estava acessível a quem a
quisesse consultar na Universidade; mesmo assim insistiam que a tornasse
pública, até porque o jornal ABC fez escândalo com a manchete de que a tese era
plagiada.
A Universidade saíu em defesa de Sánchez, afirmando que a
tese foi defendida pelo doutorando perante um júri altamente qualificado, não
foi posta em causa a sua qualidade e foi aprovada; agora que Sánches autorizou
que se publicasse, desunham-se os “periodistas” a ver quem descobre mais
falhas, se os textos citados estão devidamente assinalados e até já houve um
jornal que o acusou de “autoplágio”, por incluír na tese trabalhos seus
anteriores, pese embora um programa informático anti-plágio já ter demonstrado
que são irrelevantes as falhas encontradas ...
Amândio G. Martins
Sabe o que me "espanta? É esta "doença" ser tão contagiosa. Atavismos tão básicos num tempo tão rapidamente evolutivo....
ResponderEliminarO que a mim me parece é que estas pessoas, percebendo desde cedo que a política lhes pode proporcionar uma mais rápida ascensão na escala social, dedicam-se mais a ela que aos estudos; e quando um título académico se torna mesmo imprescindível para progredirem, tentam obtê-lo a qualquer custo, servindo-se da notoriedade pública já alcançada...
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