domingo, 16 de setembro de 2018

OS ESCANDALIZADOS




Há quem não se manifeste pelo facto de a União Europeia (UE), não ter aplicado sanções a estados-membros seus, que destruíram países como o fizeram a França e a Inglaterra em relação à Líbia, não se escandalize, que a Espanha, outro membro da UE, que ficou calada, contribua para a miserável carnificina no Iémen ao vender bombas ao regime fanático e medieval da Arábia Saudita, não diga nada que a mesma UE e a sua NATO , permitam e apoiem até que o fascismo puro e duro se instale na Ucrânia, não se escandalize que a UE não tome posição firme contra quem fez as guerras do Afeganistão, do Iraque, da Líbia, da Síria, principal causa dos muitos milhares de desgraçados que fogem para a Europa, tantos deles encontrando a morte no Mediterrâneo e no Saara, não se escandalize com diretrizes da UE que impõem privatizações de empresas como a TAP e outras, não se manifeste por quem manda nos países membros da UE, desiluda as pessoas e as leve a dar ouvidos a populistas, demagogos e faschistóides como Victor Orban, contra quem os comunistas húngaros e outros democratas seus compatriotas, se batem na primeira linha com toda a solidariedade do PCP.
O que escandaliza estes companheiros, é que o PCP não alinhe no precedente desta UE, ao interferir na soberania de uma nação independente.
Francisco Ramalho
Corroios, 16 de Setembro de 2018

14 comentários:

  1. Como já debati com o Francisco Ramalho, há pouco tempo e neste blogue, o assunto, não vou repetir os meus argumentos. Embora, curiosamente, eu tivesse escrito sobre o voto dos comunistas portugueses e o Francisco desse um título bem mais restritivo, em que só de dirige aos "escandalizados" companheiros (pressuponho que de escrita), que serei eu e o Vítor Colaço que, espero, como opinativo que foi, venha a terreiro, embora tenha, obviamnete, o direito de não o fazer. Termino remetando o Francisco para a crónica de Vicente Jorge Silva, no PÚBLICO de hoje (16/9) com o título "O PCP prefere o fascismo à Europa?". Eu assiná-la-ia por baixo quase em 100%.

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  2. Peço desculpa por voltar mas esqueci-me de algo ralativamente importante. Eu manifestei-me triste (sic) e não escandalizado.

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  3. Evidentemente que o título " O PCP prefere o fascismo à Europa" é uma autêntica provocação que o Fernando subscreve quase a 100%. Nem ao CDS eu faria tal provocação. Aliás, não cometo a estupidez de considerar o CDS e ainda menos o PSD de fascistas. O Fernando considera o PCP,Por extensão também a mim e não só, o que é que eu hei-de fazer? Nada! É a opinião dele.

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  4. Só depois de publicar o comentário acima, é que reparei que o título tem lá um ? . Portanto, como se diz na Marinha, primeira forma: fica sem efeito. Aliás, não acredito que fosse aquela a opinião do Fernando, a quem considero um democrata. Não devo ter hipótese de ler tal crónica, mas confesso que também não vou fazer grande esforço para isso...

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  5. Afinal sempre fiz o esforço e li a crónica. Está bem escrita, com alguns exageros como aquele do olhar glacial do João Ferreira e não só.(não tenho aqui o jornal) Aliás, VJS começa por dizer que o título incomodará muitos militantes do PCP. Sei que determinadas posições do PCP são bastante incomodativas. Em relação a esta, eu não sou eurodeputado. Não a votei...

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  6. Tal como o Fernando, o voto do PCP entristeceu-me. Mas, de certa forma, compreendo-o. Sem que ninguém ma tenha pedido, vou-lhes dar a minha opinião sobre o que pode ter acontecido.
    O PCP é, provavelmente, o partido português mais coerente. Diria mesmo mais: cerebral. Porque, em obediência à “estratégia”, actua sempre com grande “tacticismo”, acautela o futuro e sabe que, mais tarde ou mais cedo, perante qualquer (im)posição da UE para com Portugal, terá de possuir incólume o argumento da não interferência na nossa própria soberania. Não pode, pois, dar-se ao luxo de abrir o flanco a que lhe “atirem à cara” que, no caso húngaro, se esteve borrifando para essa soberania. Tudo isto é perfeitamente compatível com o anti-europeísmo que eu, face a “esta” UE, compreendo muito bem e, amiúde, partilho.
    Não tenho a mínima dúvida de que o que o PCP escreveu na condenação de Orbán é verdadeiramente “sentido”. Por outro lado, também não me admiro se idêntico “tacticismo” norteou alguns partidos de direita a votarem “correctamente”, como fizeram, aprovando as sanções contra a Hungria, sabendo que há bastantes probabilidades de elas não verem a luz do dia. É que há o direito de veto e há… a Polónia. Sempre dirão, mais tarde, “até votámos contra o Orbán, mas…”.
    Pensando bem, a posição do PCP não me choca por aí além. Podia ser previsível. É por essas e por outras que o PCP se mantém vivo e actuante na Europa, ao contrário dos outros PC’s irmãos que “já eram”. Mas fica-me a pena de, mais uma vez, não ver o PCP a votar com algum sentimento e coração.

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    1. Aqui está uma análise muita lúcida, esta do amigo José Rodrigues. Apenas essa do sentimento e coração, será discutível. Sentimento e coração não tiveram Mariano Rajoy e Pedro Sanchéz. O primeiro celebrou um contrato de venda de bombas à Arábia Saudita. Agora Sanchéz hesitou em concretizá-lo mas acabou por lhe dar o aval. Ouvi esta madrugada na Antena 1, que para preservar as relações com a AS e honrar os compromissos do Estado Espanhol. O nosso compatriota António Guterres disse aqui há tempos que a situação no Iémen era a mais grave a nível mundial. Trata-se de uma guerra bárbara e desigual. A AS é uma potência regional e o Iémen um pequeno país. Como se sabe, até autocarros transportando crianças, hospitais, etc., têm sido dizimados. Sanchéz teria dignificado o Estado espanhol e a Espanha ao não contribuir para aquela miserável carnificina, ou pura e simplesmente demitir-se. Não o fez. Autorizou a venda de 9,2 milhões de euros de bombas de grande precisão (guiadas a lazer). Quantas vidas e bens materiais irão destruir? Vem isto a propósito do Fernando Rodrigues por vezes em diálogo comigo evocar Estaline. Compreendo-o! Mas só trago o correlegionário ideológico do Fernando, Sanchéz, à baila, por causa disso. Que diferenças há entre um e outro? Um provocou a morte de mil e este de cem? Nem eu nem o Fernando temos nada a ver com as acções de um ou de outro. Eu e o Fernando não matámos nem mataríamos ninguém.

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  7. O José Rodriges chama coerência aquilo que eu chamo, no mínimo, de teimosia. Coerência seria actuar segundo uma doutrina que lhes informasse as atitudes praticadas que é coisa que os comunistas nunca fizeram. Ou o marxismo ideológico foi posto em acção na praxis comunista da União Soviética, de que o PCP é um fiel deguidor? Não seguiram a doutrina mas seguem a praxis que tão maus resultados deu, até para eles mesmos. E depois, o José faz uma análise do mais cerebral que existe ao especular sobre o voto "arrevezado" da direita que teria a cabeça já no que a Polónia irá fazer no Conselho! Eu não digo que não possa ter razão mas... que não votaram a favor do fascista Orban, é um facto e muito relevante. Termino, se mo permite, com uma pergunta: o José é contra a Europa como um "coisa má" ou gosta dela mas não de muitas das suas políticas? É que o PCP não "pode com ela", de tal modo que «, como no caso vertente, até "vende a alma ao diabo". Daí a minha tristeza sem me escandalizar. Eu sou europeu e pró-Europa, melhorando-a por dentro e não minando-a. Eu naõ quero que o PCP vote com "sentimento e coração", queria era que nunca, mesmo por tacticismo, fosse coerente com a doutrina e nunca votasse ao lado de "porcos".
    Uma nota para o Francisco Ramalho: a sua "pirueta mental" para conseguir equiparar Sanchez a Estaline é patética! Acho que nem você mesmo acredita no que disse. Mas se acredita nisso e não se serviu duma mera abstrusa figura retórica, olhe... "siga a Marinha" pois já vale tudo!

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    1. Caro Fernando,
      Começo pela resposta à pergunta que me faz. Não sou contra a Europa e tenho até grande admiração pelos ideais da fundação. Que, convenhamos, vezes demais são atirados para trás das costas. No entanto, tenho grandes reservas e discordâncias relativamente a muitas coisas que vejo serem feitas "à sombra" da Europa. Nem de propósito, num artigo hoje publicado (o meu comentário é de ontem) no Público, que sei ser o seu jornal, assinado por Ricardo Cabral, vêm lá algumas dessas coisas. Socorro-me dele e, embora sem licença do autor, vou respigar:
      “… as previsões da Comissão são enviesadas, porque os seus técnicos têm um incentivo a errar por excesso de precaução.” Incentivo?, pergunto eu, mas ele explica qual.
      “… muito provavelmente tem como consequência menores taxas de crescimento económico, do investimento, do emprego e da produtividade nos países devedores da zona euro.”
      “… a Comissão não reconhece que errou…”
      “… a Comissão defende que a despesa pública e, em particular, salários de funcionários públicos e pensões… tem de continuar a cair…”
      “Com tais regras e tais previsões a Comissão Europeia coloca em causa as democracias!”
      “… a Comissão não acredita nas previsões do presidente do Eurogrupo…”
      “O comportamento das autoridades europeias é altamente discricionário… Há governo de homens (dos países credores) e não de leis.”
      “… embora seja fundamental reduzir o nível da dívida pública, o objectivo primeiro da política orçamental não é esse, mas sim promover o desenvolvimento da economia portuguesa e do nível de vida dos portugueses.”
      Subscrevo todas as frases que citei, o que já não é pouco, relativamente à visão crítica que tenho do funcionamento “desta” Europa. Estou mesmo convencido de que o sonho de Jean Monnet nunca preconizaria o estado a que se chegou.
      Mas, para acabar, devo dizer-lhe que, não há muito tempo, li o livro do Varoufakis, “Comportem-se como Adultos”. A acreditar no que li – e não tenho motivos para o não fazer – aquela gente de Bruxelas não é flor que se cheire.
      Quanto ao mais, sou europeu e, dentro das minhas reduzidíssimas possibilidades, tentarei que o projecto – indispensável na globalização – vingue, sempre no respeito das pessoas e dos países, em paridade e em justiça, sem o uso da força, seja ela militar ou financeira.

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    3. Não dou mais para este "peditório" que o Fernando insiste em manter. As bombas espanholas serão inofensivas?

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  8. Obrigado por responderem, José e Francisco. Respostas diferentes, como é óbvio e já era esperado. Em tudo. A mim resta-me reafirmar o meu convicto europeísmo, discordando das "maleitas" que esta Europa está a sofrer. E, talvez por isso, a precisar de convicções que, lutando pela mudança, lutem também pela sua existência. Cada vez mais, de modo a evitar fascismos feitos por Orbans, Salvinis e "tutti quanti" e bem suportados por tacticismos daqueles que dantes eram internacionalistas e agora são "estrénuos" defensores do estado-nação xenófobo, fragmentado e ideologicamente egotista. Se não foi com "cão" tentarão caçar com o "animal" que estiver mais à mão. Não serei eu a acabar com diálogos que, esses sim, não insisto em manter mas a que não fujo.

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  9. Pois claro! O Fernando é que é o grande, o intrépido,defensor da democracia! Os que se situam à esquerda da sua social-democracia, são xenófobos, egotistas e criadores de fascistas. Palavras para condenar quem arma outros fascismos , outros fanatismos criminosos, nem uma! Portanto, esta teimosia, esta pretensão de ter sempre razão, esta intolerância, desvalorização e anátemas sobre os outros, é que me obrigou a voltar a dar para este "peditório".

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    1. O clássico ataque "ad hominem". Também não é novo. Passe bem.

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