domingo, 16 de setembro de 2018


Intolerável prepotência


Diz a lenda que pela sua avareza e negócios fraudulentos Sísifo, fundador e primeiro rei de Corinto, foi condenado pelos deuses a empurrar eternamente um pedregulho até ao cimo de uma montanha, deixá-lo rolar daí até ao fundo e empurrá-lo de novo para o topo.

Não por nenhum daqueles pecados mas apenas por não ter caído nas boas graças do patrão, a uma trabalhadora de uma corticeira de Paços de Brandão acontece algo semelhante; tendo sido despedida sem saber porquê, recorreu a Tribunal e a empresa foi condenada a indemnizá-la e readmití-la.

Todavia, como o patrão é um daqueles empresários entre aspas que pensam que na “sua” empresa podem fazer tudo, mesmo desrespeitar as pessoas e as leis e em prejuízo da própria empresa, colocou a senhora a carregar e descarregar a mesma palete com o mesmo material o dia inteiro e obriga-a a servir-se de uma casa de banho sem porta, com o tempo e o papel higiénico controlado!

É obvio que isto é muito mais que  assédio moral, é também uma intolerável violência e abuso de poder; diz-se no JN que as autoridades estão a par do assunto, o PC e o BE também já intercederam para que se cumpram as regras existentes, falta saber quanto tempo mais vai esta trabalhadora ser diariamente violentada na sua dignidade por um sujeito completamente desprovido de escrúpulos...


Amândio G. Martins

5 comentários:

  1. Aconteceu-me o mesmo que a si, Amândio. Vi a notícia e, imediatamente, me lembrei do mito de Sísifo. Em relação a essa lenda, costumo pensar: o(s) deus(es) não perdoam. Pelos vistos, o patrão-corticeiro também não. E, se lhe soprarem o nome, até o imagino a dizer acerca de Sísifo: mas quem diabo é esse gajo?...

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  2. Olhe que também não tenho grandes dúvidas...

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  3. A empresa para despedir a trabalhadora invocou a extinção do posto de trabalho, uma disposição da lei laboral que permite a empresas utilizar subterfúgios para muitos fins inconfessáveis. Deve ter sido o caso e o tribunal anulou o despedimento. A ACT (Autoridade para as Condições de Trabalho) entidade de fiscalização de cumprimento das leis do trabalho, normalmente é de uma ineficácia confrangedora, o que facilita desmandos empresariais como este.

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  4. Apoiar os empresários, que são indispensáveis, não é fazer "vista grossa" às suas falcatruas...

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  5. Há casos em que a ACT não é de 'ineficácia confrangedora', mas até vai para lá das suas competências. E, dando ouvidos somente a uma parte, ataca sem dó nem piedade, tal como uma brigada nas estradas mandar parar um automobilista e, usando de todos os estratagemas, tenta por todos os meios multar o condutor.

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