Normalmente
sou uma pessoa atenta ao que me rodeia.
Às vezes até
atenta demais, mas isso é outra história e não vem agora ao caso.
Rostos,
olhares, sorrisos e mãos, são os meus alvos preferenciais. Na verdade, por
vezes tenho mesmo que ter cuidado para não deixar o outro, o observado,
constrangido porque gosto mesmo de observar. Não me anima qualquer espírito
voyeurista, fiquem tranquilos/as, mas assumo que as pessoas me fascinam e tenho
a profunda convicção que rostos e mãos contam histórias, histórias únicas e
irrepetíveis, tão únicas como os seus protagonistas e daí eu não conseguir
ter-lhes indiferença.
Na minha
profissão, habituei-me a dar tanta importância ao que me dizem, como ao que o
corpo e rosto falam - a chamada comunicação não verbal, tão cheia de mensagens
lineares ou encriptadas que aquelas pessoas que comigo se cruzam, me transmitem,
tantas vezes sem se aperceberem que o fazem.
Cedo na minha
vida adoptei a máxima do Ensaio sobre a Cegueira do José Saramago : «Se Podes
Olhar, Vê. Se Podes Ver, Repara» e não me arrependo , porque é uma postura que
me faz sentido e que faz com que a minha relação com os outros seja assente em
base mais consistentes ou, pelo menos mais verdadeiras.
Posso ser
ingénua, mas acho que quando estamos com alguém, seja em contexto profissional,
pessoal, lúdico ou formal devemos estar a sério, de corpo inteiro. Estar o
corpo, mas a cabeça estar noutro lado, é meio caminho para não entendermos a
mensagem que nos está a se passado pelo outro. Talvez seja esta uma das razões
para tantos mal entendidos na comunicação interpessoal – a pressa, a
desatenção, o pouco rigor na analise dos pormenores e as repercussões desse
erro, abundam na nossa sociedade.
Mas voltemos
ao discurso do verbal e não verbal.
Nem sempre as
mensagens são bonitas ou interessantes - na realidade algumas são autênticas
farsas e desconstrui-las é uma tarefa árdua, um desafio imenso mas, confesso,
fascinante .
Outras vezes,
ah outras vezes, é puro prazer descodificar aquele olhar, aquele brilhozinho
subtil que enche a sala, aquele sorriso de boca inteira que contagia, aquele
cruzar de mãos aflito por falar demais.
Com todos os
defeitos que o ser humano tenha, e todos temos, muitos, continuo a dedicar-lhe
o meu mais precioso tempo e sentir, porque a troca de experiências e formas de
sentir, enriquece-me e torna-me uma pessoa mais completa.
Muitas vezes,
termino o dia exausta e profundamente perturbada pela intensidade das
experiências, mas depois descansar a Alma e de ser capaz de separar o trigo do
joio, o enriquecimento é inevitável, porque sempre existe aprendizagem e lição
tirada do que se viveu.
E no fim de
cada dia, sempre dou graças por ter tido mais uma oportunidade de me cruzar com
gente, feia ou bonita, é irrelevante ( e
estou a falar da beleza que se sente, não da que se vê ) e reitero a minha estranha
mania de ter fé na vida, logo , na humanidade.
Há muita gente
que nos rodeia e não presta, é verdade, mas agindo desta forma, que se aprende
e se treina se quisermos, temos muito mais possibilidades de sermos selectivas
nas nossas escolhas e tornar assim muito mais gratificantes as relações em que
vale a pena investir.
Tenham um bom
dia meus / minhas amigos/as.
Beijinho da ©Graça Costa
Gostei muito deste texto muito exposto... sobre coisa subtis! E mais não digo senão até nas entrelinhas, sem presença física,... sou lido! O que também não faz mal.
ResponderEliminarMeu caro colega de blog - efectivamente nas entrelinhas , à vezes, conseguimos ler mais do que seria suposto, mas não levo a coisa tão a fio de espada, até porque , mesmo presencialmente há quem seja mestre do disfarce ehehehe - não me estou a referir a ninguém em especial, mas por acaso lembrei-me de uma experiência recente em que fui bem enganada. Lá calha... mas é assim que vamos aprendendo . Um resto de dia feliz para si
EliminarIgualmente para si!
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