Comportamento desconexo...
Numa atitude em que a letra não diz com a careta um artista
galego, chamado Enrique Tenreiro, foi ao Vale dos Caídos grafitar a tumba de
Franco; aproveitando um momento em que as pessoas que por lá andavam estavam
distraídas com outras coisas ajoelhou-se, sacou do bolso uma embalagem de tinta
vermelha, afastou as flores que cobriam a pedra e, nuns escassos segundos,
desenhou algo parecido com uma ave e a legenda: “ Pela liberdade e reconciliação
de todos os espanhóis”.
Manietado ainda com as mãos na massa, gritou que nada tinha
contra Franco, que até teve um avô franquista e pedia perdão; e é aqui que tudo
me parece absurdo: entrevistado pelas televisões, foi confrontado com a
contradição do acto e o que posteriormente disse e se aquilo não teria sido
mais um golpe publicitário. Entretanto também falaram com o galerista que
costuma expor os seus trabalhos, que revelou ter-lhe o homem prometido que
estava a preparar uma grande surpresa.
A surpresa, afinal, estava à vista e o artista enrolou-se
todo para justificar aquilo, porque se queria a reconciliação de todos os
espanhóis, não é afrontando uma facção importante deles que o consegue; quanto à
“liberdade”, foi-lhe lembrado que os espanhóis a conquistaram há cerca de
quarenta anos...
Amândio G. Martins
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