sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Moro sem pedras na mão


Sérgio Moro confirmou as suspeitas de que, para ele, tal como para Órban e muitos outros que por aí pululam, o princípio da separação entre o poder judicial e o político é letra morta. Deverão sê-lo, também, muitos outros princípios caros à democracia. Ao aceitar o convite de Bolsonaro para ocupar a pasta ministerial, Moro não deve ter hesitado muito tempo. Tudo parecia previsto, e este convite é a sequência natural do trabalho preparatório do “impoluto” juiz. A pergunta pode ser especulativa, mas não deixa de se justificar: seria Bolsonaro presidente do Brasil se esse “trabalho” não tivesse sido feito? Ora então aí está a paga. Esperemos para ver a contra-paga que Moro fará ao seu presidente. Tão implacável na administração da justiça, mandará investigar a legalidade da campanha eleitoral do “patrono”, ou vai aplicar todo o seu rigor nas investigações que, se a justiça funcionar, inevitavelmente incidirão sobre Paulo Guedes, o “fantástico” super-ministro das Finanças e afins? Bolsonaro, entre outras coisas, acautelou os telhados de vidro, os próprios e os das suas hostes. Brilhante!

Público - 04.11.2018 (truncado das partes sublinhadas e com o texto alterado para "Ainda Moro").

2 comentários:

  1. Relativamente ao "justiceiro" Moro, os brasileiros depressa sofrerão os efeitos da queda do anjo; lembre-se que não se lhe conhece uma palavra acerca do assassinato da vereadora do Rio...

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    1. Ainda ontem ouvi na RTP3 ser dito que uma das características distintivas das ditaduras é a perda de vergonha. Teremos de nos habituar a ouvir dos "bolsonaros" as justificações do injustificável, bem como o silenciamento do que não acham conveniente discutir-se. Só porque querem, dando como argumento que detêm a maioria dos votos. Escamoteando que o poder da maioria não pode, em democracia, exercer-se despoticamente sobre a minoria, sem qualquer escrutínio. As pouca-vergonhas ainda agora começaram...

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