terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Teatro à venda no OLX?

A notícia  vem hoje nos jornais: está à venda por 350 mil euros, através da OLX, o Teatro de Portalegre.
Coisa se fosse um pequeno objecto, uma bicicleta ou outra coisa qualquer, eis que se pretende vender, através desta rede,  um teatro construído há 165 anos, com grande passado histórico, onde passaram grandes actores e actrizes, bem como grandes autores, entre eles José Régio, como refere a notícia.
Estas coisas acontecem onde a cultura não é prioridade, onde a cultura pouco ou nada significa. E nos países onde as coisas se passam assim, só pode parir "um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião..." (Guerra Junqueiro).
Estas coisas revoltam, porque há públicos para o futebol; há públicos para os concursos e programas de treta que passam na televisão durante o dia inteiro, e há públicos para mensagens mais que duvidosas sobre os milagres que não existem e promessas de mundos melhores depois da morte, etc etc, porque não se há uma política cultural com valor e abrangente para as populações?
Quanto a mim, é apenas uma questão de vontade, ou falta dela - ou de visão, ou falta dela. Ou então o interesse em manter as coisas assim, para sempre, porque se dominam mais facilmente.

5 comentários:

  1. Subscrevo na íntegra. O guerra Junqueiro teve e continua a ter carradas de razão.

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  2. Este povo levanta-se antes por um penalti mal assinalado ao Benfica, ao Sporting ou ao Porto. Para isso também o têm preparado.

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  3. Os meus agradecimentos sobre as suas palavras. Vivemos efectivamente numa sociedade sem espírito crítico, apenas temos apoios cegos a causas que o não são, ou então lenços brancos por qualquer coisa que é coisa. Abraço.

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  4. É esta, pois, a Cultura de um povo a caminho de perder a sua identidade.

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  5. Por vezes penso (embora erradamente) que já não tem identidade, e daí as palavras de Guerra Junqueiro, das quais apenas citei algumas. Curiosamente Guerra Junqueiro fala mais à frente (no livro Pátria) na contribuição da religião para todo o atraso, e bem me parece ter razão. Aliás, este mesmo tema (do atraso) é referido também numa sessão das Conferências do Casino, por Antero de Quental, nas "Causas da decadência dos povos peninsulares". Em conclusão, vivemos numa sociedade sem "massa crítica", e dou como exemplo o facto de o Vaticano estar a discutir os crimes sexuais no seio da igreja, mas a sociedade civil não fala sobre o assunto. Tristeza.

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