sábado, 9 de fevereiro de 2019

Um cadáver chamado ensino.

  A partir da segunda metade do século vinte o número de estudantes no ensino superior começa a aumentar gradualmente com maior incidência a partir da década de sessenta, sem diferença significativa na quantidade por género, mas quase exclusivamente oriundos da classe media e alta.
  A seguir ao golpe de estado de 1974, a taxa de analfabetismo permanecia como uma das mais altas da europa.
  Porventura a melhor iniciativa do novo poder instituído, foi a criação da chamada escola de adultos.
  Com um sucesso considerável, homens e mulheres, maioritariamente de idade avançada, ocorriam às então designadas escolas primárias, com o intuito de aprender as primeiras letras e algarismos.
  Com o advento dos novos tempos, a alteração substancial da sociedade portuguesa a todos os níveis, ser analfabeto era altamente estigmatizante, as pessoas sentiam-se envergonhadas e constrangidas quando se dirigiam a uma repartição do estado, a uma loja dos c.t.t., e tinham de dizer que eram analfabetas pois nem o seu nome sabiam escrever, além de serem vítimas de enganos propositados em lojas comerciais por parte de patrões e empregados sem escrúpulos.
  Tirando esta feliz iniciativa, tudo no setor do ensino tem sido um autentico descalabro. A redução progressiva do que se ensina aos alunos em cada ano letivo, aliada à corrupção na atribuição das classificações proporcionando a passagem de ano letivo a alunos sem preparação para tal, tem-se refletido na sociedade.
  Como exemplo, vejamos o que acontece no setor da saúde em Portugal, somos um dos países cimeiros na europa em número de óbitos nos hospitais, resultantes de erros e negligências médicas, na arquitetura e engenharia os projetos contam tal quantidade de erros que quando detetados têm que ser revistos, atrasando e encarecendo as construções caso contrário reduz a segurança e durabilidade das mesmas.
  A vocação, qualidade e exigência deu lugar à ganância, laxismo e vício.
  Para tentar aproximar-se das estatísticas europeias e servir uma clientela política é criado o programa “novas oportunidades” no governo do primeiro ministro José Sócrates, também ele com uma formação questionável.
  Este programa é um ultrajante devaneio mental, mais um embuste socialista, criado certamente por algum militante de cano de esgoto.
  Suspenso alguns anos, voltou com alguns retoques de cosmética barata e com outro nome, desta vez com o apoio da coligação socialista e extrema esquerda ou seja pelo triunvirato dos três m: mentirosos, malandros e malignos.
  Atribui-se o nono e o décimo segundo ano de escolaridade a quem frequenta um curso de formação profissional ou o programa “qualifica” com facilidade, sem critério em alguns meses.
  Várias entidades têm alertado para a ineficácia deste sistema de ensino decrepito que custa anualmente uma fortuna colossal, verbas que podiam ser orientadas para outros setores da sociedade carenciadas e negligenciadas.
  Há algum tempo falava com uma jovem professora, ao dar-lhe alguns exemplos da impreparação dos alunos, como darem muitos erros ortográficos, não saberem calcular metros cúbicos ou quadrados, ela respondeu-me:
-Eu também não sei.
-Supõe que queres comprar uma mobília nova para a sala, tem utilidade saberes calcular uma área.
-O meu marido faz.
-Qual é a profissão do teu marido?
-É vendedor de candeeiros.
-Perante este panorama confrangedor, se tiver vontade de alargar o horizonte do conhecimento trabalhe, dialogue, leia, informe-se, viaje, seja curioso.
  Seja ciente do seu valor sem precisar da aprovação de ninguém
  O ensino é um cadáver, ou com toda a certeza está moribundo.

                                                                                       Com amizade.
                                                                                        José  Araujo.

                                                                                                 

4 comentários:

  1. Isto é que é chegar com "estrondo"! Começa com um "cadáver morto" ( que afinal está moribundo... "com toda a certeza") e depois pega na "espalhadeira" e zás....chumbo para todo o lado! Brilhante! Ah, nao´podia faltar aquele "delicioso" final do "com amizade", tão bem nosso conhecido...Mas o que mais me encantou foi saber que a única e principal forma de aprender é a que preconiza no fim do seu texto! Termino:por que não nos diz os números e o local onde foi buscar as "estatísticas" (?) que nos apresentou? Tem razão num facto: é preciso ler.

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  2. Essa dos 3 m é o máximo. Ainda bem que aparece aqui alguém que não se enquadra em nenhum deles. Gente perfeita é outra loiça!

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  3. Bem-vindo, caro José Araújo. Ou bem regressado, que já não me lembro de quando foi a vez mais recente que o “ouvimos”.
    Permita-me alguns comentários ao seu texto.
    Tudo no sector do ensino é um descalabro? Ainda bem que lembrou o analfabetismo que vinha do tempo da “outra senhora”. Mais que não fosse, ter acabado com aquela chaga já teria sido uma enorme vitória nacional. Quanto à redução do que actualmente se ensina aos alunos, não estou nada de acordo: os programas e as disciplinas têm aumentado, de forma que até pode ser discutível, mas não pela maneira como coloca a questão. É certo que já não se obriga os alunos a saberem de cor as estações e os apeadeiros da linha do Tua, de que já me esqueci completamente, e ainda bem porque nunca me serviram para nada, nem sequer para estimular o intelecto.
    Falou na Saúde, e adivinho que pensa que é outro “descalabro”. Não digo mais, mas a diminuição avassaladora da mortalidade infantil diz-lhe alguma coisa? Ou os erros e negligências – que existem, como em tudo na vida – são só o que conta, servindo para caracterizar um sistema que tem sido exemplo para o mundo?
    Arrumar todos os mentirosos, malandros e malignos na “coligação socialista e extrema esquerda”, expressão vaga que não sei muito bem o que significa (mas presumo o significado que lhe atribui), é libertar todos os outros sectores da nossa vida política da existência de tais pessoas nas suas hostes. É mesmo isso o que pensa?
    Generalizações espúrias, tomar a nuvem por Juno, ou não ver a floresta por causa da árvore, não é boa orientação.

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  4. Afinal, assim nos interrogaríamos: - Que democracia multicolor haveria em Portugal sem o triunvirato dos mentirosos, malandros e malignos? Responda quem melhor souber.

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