sábado, 30 de agosto de 2014

"Esse mundo existe neste mundo"



Releio Rayuela de Cortázar no mês em que se celebra o centenário do seu nascimento. Mas faço a segunda forma de leitura (aos saltos para a frente e para trás a começar no capítulo 73).
Levanto-me, não resisto a transcrever: 

"Digamos que o mundo é uma figura, há que lê-la. Por lê-la entenda-se criá-la. A quem é que interessa um dicionário pelo dicionário em si? Se é de alquimias, osmoses e misturas simples que Beatriz surge enfim nas margens do rio (...) Quão inútil a tarefa do homem, cabeleireiro de si mesmo, repetindo até à náusea o mesmo corte quinzenal, pondo a mesma mesa, refazendo as mesmas coisas, comprando o mesmo jornal, aplicando os mesmos princípios aos mesmos contextos. (...) Enquanto não tirarmos o chicote da história ao tempo, enquanto não acabarmos com o inchaço de tantos até, continuaremos a tomar a beleza como um fim, a paz como um desiderato, estaremos sempre do lado de cá da porta, onde a realidade nem sempre é má, onde um número considerável de pessoas encontra uma vida satisfatória, perfumes agradáveis, bons ordenados (...) e para quê inquietarmo-nos se o mundo é finito (...)? 

Ups! Não posso transcrever tudo... é muito e bom demais!
(Vejam, capítulo 71).

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