Quem, como
nós, usa a palavra para expressar a cidadania – o que temos à mão para semear
opinião com o cunho da nossa identidade individual - já entendeu que as portas se estão a fechar.
Os fóruns,
as cartas ao director, o jornalismo de cidadão, todos esses espaços, afunilaram-nos.
Insistimos,
enviamos, recebemos omissão.
Perguntamos
porquê e a ter respostas, tardias e incompreensíveis, apresentam-se revestidas
de desculpas formais acerca das contingências e escassez de recursos humanos,
dos planos de restruturação dos quadros de pessoal, e de promessas titubeantes,
que a seu tempo, o acervo de mensagens e e-mails dos leitores com opinião serão
de novo tidos em consideração nos espaços a si dedicados.
Mas não, a
tendência actual não parece ser essa: a opinião do cidadão não interessa para
nada.
Alguns de
nós, assistimos a uma reprise a que
somos obrigados a assistir mas que não queríamos voltar a ver.
.
Há num
entanto um dado novo, que faz toda a diferença em possíveis comparações com o
passado: o cidadão comum dispõe (por enquanto ainda sem restrições de acesso,
se bem esteja a ser controlado por essa via) da internet, a maior e mais
poderosa rede “aberta” de partilha de informação.
Se os meios
de comunicação institucionais e tradicionais nos batem com a porta na cara,
devemos ser proactivos e criarmos nós próprios, em associação uns com os
outros, os nossos próprios meios de comunicação e tráfego de informação.
Não será
difícil pensar e construir uma plataforma virtual de comunicação, alicerçada
numa campanha de divulgação eficaz e com os custos praticamente reduzidos ao empenho
e trabalho dos interessados.
Sabemos que
as audiências trazem publicidade, esta traz recursos materiais e com estes podem-se
consolidar projectos.
Mas antes de
tudo isto, devemos ultrapassar com sucesso o mais difícil e perverso dos
desafios: a tentação de criar um código editorial, que tende quase sempre a ser
um reflexo da cartilha de valores éticos e morais dos indivíduos que o
elaboram, mas que não é necessariamente um espelho de tolerância e aceitação das
ideias dos outros.
Se conseguirmos
mandar os nossos egos de férias enquanto construímos esta ideia com um “guião”
de bom senso, penso que podemos iniciar um processo de livre opinião, sem
estarmos asfixiados pelos poderes corporativos que agora incorporam os meios de
comunicação.
A ideia
central e soberana deste desafio é darmo-nos e a quem queira dizer, a possibilidade
sem espartilhos de partilhar os seus jeitos de olhar o mundo.
E deixamos
os “poderes” a falarem sozinhos, no deslumbramento que sofrem pela visão dos
seus umbigos, ou nos favores que pagam e recebem entre si.
Vamos nisso?
"A voz da Girafa" é um bom exemplo de espaço aberto aos leitores-escritores e é bem possivel que esteja na ideia dos seus criadores a evolução do blogue nesse sentido.
Se assim for e eu gostaria, contem comigo para dar uma mão onde puder e souber.
O fundamental na questão, é que os media não têm o dever de nos omitir, até porque nós também somos os leitores e, rareando os leitores, eles também não sobrevivem.
ResponderEliminarEles de facto não têm o dever de nos omitir, mas sejamos realistas. Eles têm o poder (se quiserem) de omitir a nossa opinião, mas mesmo assim acho que não é deixando de ler os jornais que se resolve o problema. Na minha modesta opinião, há que insistir em contrariar esta tendência do cultivo do pensamento único levado a cabo pela maioria dos media, e de forma mais ou menos subtil. Desistir não é nem nunca foi solução para nada, até porque só os fracos é que desistem. Saibamos usar a nossa razão e a nossa inteligência contra a força do poder económico que eles possuem. Um abraço para todos os que escrevem para jornais e para este blogue.
ResponderEliminarEnquanto existirem, eu continuo a ler os jornais, porque quer estar informado sobre o mundo em que vivo. Quando falo na perda dos leitores, quero destacar o "desfalecimento" dos jornais, até ao seu próprio desaparecimento, porque economicamente deixam de ser rentáveis. Retribuo o abraço lusitano.
ResponderEliminarÉ que um 'MOSQUITO' por cordas entrou nos jornais. Assim, para rimar, direi: e outros bacanais.
ResponderEliminarConcordo! A Voz da Girafa foi criada a pensar nisso! Tomara eu que em vez de ter sido criado este blogue, tivéssemos uma tipografia desmantelada ou que nos apoiasse a termos um Boletim ou um Jornal. O papel é, para mim, o meio de expressão que mais me satisfaz.
ResponderEliminartentemos fazer deste blog o espaço do cidadão por excelência, sem censura, e com todo o «espaço» do mundo!