terça-feira, 5 de agosto de 2014

Se os media nos omitem, omitamos nós os media.




Quem, como nós, usa a palavra para expressar a cidadania – o que temos à mão para semear opinião com o cunho da nossa identidade individual -  já entendeu que as portas se estão a fechar.

Os fóruns, as cartas ao director, o jornalismo de cidadão, todos esses espaços, afunilaram-nos.

Insistimos, enviamos, recebemos omissão.

Perguntamos porquê e a ter respostas, tardias e incompreensíveis, apresentam-se revestidas de desculpas formais acerca das contingências e escassez de recursos humanos, dos planos de restruturação dos quadros de pessoal, e de promessas titubeantes, que a seu tempo, o acervo de mensagens e e-mails dos leitores com opinião serão de novo tidos em consideração nos espaços a si dedicados.

Mas não, a tendência actual não parece ser essa: a opinião do cidadão não interessa para nada.

Alguns de nós, assistimos a uma reprise a que somos obrigados a assistir mas que não queríamos voltar a ver.
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Há num entanto um dado novo, que faz toda a diferença em possíveis comparações com o passado: o cidadão comum dispõe (por enquanto ainda sem restrições de acesso, se bem esteja a ser controlado por essa via) da internet, a maior e mais poderosa rede “aberta” de partilha de informação.

Se os meios de comunicação institucionais e tradicionais nos batem com a porta na cara, devemos ser proactivos e criarmos nós próprios, em associação uns com os outros, os nossos próprios meios de comunicação e tráfego de informação.

Não será difícil pensar e construir uma plataforma virtual de comunicação, alicerçada numa campanha de divulgação eficaz e com os custos praticamente reduzidos ao empenho e trabalho dos interessados.

Sabemos que as audiências trazem publicidade, esta traz recursos materiais e com estes podem-se consolidar projectos.

Mas antes de tudo isto, devemos ultrapassar com sucesso o mais difícil e perverso dos desafios: a tentação de criar um código editorial, que tende quase sempre a ser um reflexo da cartilha de valores éticos e morais dos indivíduos que o elaboram, mas que não é necessariamente um espelho de tolerância e aceitação das ideias dos outros.

Se conseguirmos mandar os nossos egos de férias enquanto construímos esta ideia com um “guião” de bom senso, penso que podemos iniciar um processo de livre opinião, sem estarmos asfixiados pelos poderes corporativos que agora incorporam os meios de comunicação.

A ideia central e soberana deste desafio é darmo-nos e a quem queira dizer, a possibilidade sem espartilhos de partilhar os seus jeitos de olhar o mundo.

E deixamos os “poderes” a falarem sozinhos, no deslumbramento que sofrem pela visão dos seus umbigos, ou nos favores que pagam e recebem entre si.

Vamos nisso? 

"A voz da Girafa" é um bom exemplo de espaço aberto aos leitores-escritores e é bem possivel que esteja na ideia dos seus criadores a evolução do blogue nesse sentido.

Se assim for e eu gostaria, contem comigo para dar uma mão onde puder e souber.


5 comentários:

  1. O fundamental na questão, é que os media não têm o dever de nos omitir, até porque nós também somos os leitores e, rareando os leitores, eles também não sobrevivem.

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  2. Eles de facto não têm o dever de nos omitir, mas sejamos realistas. Eles têm o poder (se quiserem) de omitir a nossa opinião, mas mesmo assim acho que não é deixando de ler os jornais que se resolve o problema. Na minha modesta opinião, há que insistir em contrariar esta tendência do cultivo do pensamento único levado a cabo pela maioria dos media, e de forma mais ou menos subtil. Desistir não é nem nunca foi solução para nada, até porque só os fracos é que desistem. Saibamos usar a nossa razão e a nossa inteligência contra a força do poder económico que eles possuem. Um abraço para todos os que escrevem para jornais e para este blogue.

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  3. Enquanto existirem, eu continuo a ler os jornais, porque quer estar informado sobre o mundo em que vivo. Quando falo na perda dos leitores, quero destacar o "desfalecimento" dos jornais, até ao seu próprio desaparecimento, porque economicamente deixam de ser rentáveis. Retribuo o abraço lusitano.

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  4. É que um 'MOSQUITO' por cordas entrou nos jornais. Assim, para rimar, direi: e outros bacanais.

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  5. Concordo! A Voz da Girafa foi criada a pensar nisso! Tomara eu que em vez de ter sido criado este blogue, tivéssemos uma tipografia desmantelada ou que nos apoiasse a termos um Boletim ou um Jornal. O papel é, para mim, o meio de expressão que mais me satisfaz.
    tentemos fazer deste blog o espaço do cidadão por excelência, sem censura, e com todo o «espaço» do mundo!

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