A uma semana da entrada em
vigor da reforma do mapa judiciário, todos os dias somos confrontados com
notícias que nos dão conta da inexistência de instalações condignas nas
capitais de distrito para receber tanta especialidade, estando já previstos
avultados investimentos de requalificação, ampliação e construção de novas
instalações. Até lá, vai-se remediando e remendando a situação à boa maneira
portuguesa que, como todos sabemos, nunca é boa. Ou seja, à boa maneira
portuguesa, a reforma vai nascer torta. Sendo certo que o que nasce torto...
Pergunta o leitor: mas se, em
todos os distritos, vão ficar vazios tantos tribunais por que razão não podem
esses edifícios ser aproveitados para instalar algumas das especialidades,
evitando-se, por um lado, má despesa pública e, por outro, a concentração de
serviços na mesma localidade? Por uma razão simples: porque os distritos devem
reproduzir, em ponto pequeno, a macrocefalia do país, até para não dar más
ideias ao povo.
Em todo o caso, nunca é demais
sublinhar que os círculos judiciais ocupavam de forma equilibrada todo o
território nacional, sendo a sua sede central em relação ao território do
círculo, o que não acontece com os distritos. Além disso, funcionários
judiciais e advogados organizaram a sua vida em função dos círculos judiciais,
fazendo investimentos em habitação e escritórios que pesam nos seus orçamentos
familiares. Ora, a nova revolução judiciária vai acrescentar encargos que não
eram expectáveis a orçamentos familiares que já estão muito esticados. Isto só
vem, aliás, reforçar aquilo que qualquer estrangeiro sabe: o Estado português
nem é uma pessoa de bem, nem uma pessoa confiável. E só um louco é que investe
num país que vai sendo redesenhado e pintado todos os dias, segundo as
divagações, improvisações e alucinações de cada ministro.
É um artigo muito a propósito sobre a desorganização organizada que este Governo de inaptos e incompetentes vem implementando no país, chamando reformas a medidas desenquadradas de um todo, que são decretadas para sectores estruturais na organização do país, neste caso concreto no aparelho da Justiça. Ainda bem que o Público de hoje o seleccionou. Continue a luta, mesmo que dificilmente seja ouvido.
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