quinta-feira, 28 de agosto de 2014

FÉRIAS NO "ESTRANGEIRO", MAS CÁ DENTRO???


Eu explico. Antigamente os serviços de turismo nacional promoviam, salvo erro, o "passe férias cá dentro". Ora eu, com alguns eurozitos que escaparam do esbulho do governo aos reformados, passei umas férias no "estrangeiro", mas no Algarve! É que existe um empreendimento turístico no Algarve (obviamente não poderei dizer qual) que tem normalmente uma ocupação de 5% de nacionais e o restante estrangeiros alemães. Como a ocupação ronda os 100%, todo o ano, só alguns empregados não quadros são portugueses. Geralmente (onde é que eu já vi isto?) na restauração, limpezas e outros serviços que os alemães não querem realizar pelos mesmos vencimentos. No resto, os donos, os directores e todos os quadros, são alemães. Só se fala e escreve em alemão nas instalações, misturado por um pouco de Inglês, aqui e acolá. Nada tenho apontar à excelente qualidade do serviço ou das instalações, sociais, desportivas e lúdicas, em grande diversidade e categoria. Como os trabalhos acabam por ser executados por portugueses, é caso para confirmar que os nossos compatriotas, quando dirigidos por estrangeiros, são dos melhores do mundo. Eu sou do tempo em que o regime anterior deixou criar uma certa desconfiança (para dizer o menos) em relação aos nossos vizinhos espanhóis. Agora, nesta "democracia", a desconfiança ou malquerença, está centrada nos nossos credores europeus, designadamente alemães. Ora o que eu vi nestas férias, é muito sintomático do que nos pode eventualmente esperar. Para amortizar a brutal dívida que ainda temos, vamos vender cada vez mais empresas, públicas e privadas. E Portugal vai funcionar muito "melhor", com patrões alemães e trabalhadores nacionais "bem" enquadrados e dirigidos. Já agora também, num esforço para uma melhor produtividade e eficácia (que o nosso governo tanto exorta), podia despachar-se a equipa governativa para Bruxelas (de que gostam tanto), e substituí-la por uma equipa alemã...

OBS. Este artigo foi publicado na edição do jornal Público de 28/8/14.

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