quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Os jovens turcos

Existem dois tipos de textos que me dão muito gozo ler: aqueles que me provocam uma inveja danada por não ter sido eu a escrevê-los e os outros que, no final, me levam a jurar solenemente nunca vir a produzir semelhante. Benditos os tempos que correm, farto-me de ler profusamente do que gosto. Separaram-se águas, definiram-se posições. Para quem gosta de “pratos limpos”, não há melhor. Talvez tenhamos de agradecer a Passos Coelho, que gravou a fogo as indeléveis fronteiras. Nunca ninguém na sua área política teve a coragem de se definir tão assertivamente. O homem é de direita assumida, orgulha-se disso e não tem (nem tem de ter) vergonha. Vergonha terão os verdadeiros sociais-democratas do seu Partido que ainda não perderam a esperança de o ver recuperado à matriz tradicional, depois de esta ter sido trucidada por estes “jovens turcos” que, agora, tanto apelam à “tradição” que lhes garantiria o poder. Enfim, tradições são o que são, e a sua perenidade não deve ser mais ou menos conveniente segundo o interesse do momento. Já tivemos “tradições” como o “direito” de os homens baterem nas mulheres e nos filhos, o sistema de morgadio e até o direito de “pernada”. Foi bom ter acabado com isso, não foi?

Público - 09.11.2015

2 comentários:

  1. Muitas tradições existem para perpetuar direitos adquiridos dos poderosos. E, já agora, quem sabe o que era o direito de 'pernada'? Eu penso que sei e só sei que não digo o que sei, acerca do que sei. Ok?

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