quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Portugal e os Descobrimentos (IV)

Compatriotas,

Em Janeiro de 1988, por iniciativa de O Comércio do Porto, levou este jornal diário a efeito um certame intitulado ‘Portugal e os Descobrimentos’, em que os leitores poderiam dar o seu contributo, através da rúbrica ‘Rota dos Leitores’.
Contribuindo com muitos trabalhos, quero convosco compartilhar uma pequena parte dos mesmos e que foram publicados pelo citado jornal nortenho.
Assim, transcrevo-vos parte do que de meu nele foi publicado em 9/4/1988:

Da Profecia á Crua Realidade

“Mas um velho de aspeito venerando,
Que ficava nas praias, antre a gente,
Postos em nós os olhos, maneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantado,
Que nós no mar ouvimos claramente,
Cum saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou do experto peito:
- Ó glória de mandar! Ó vã cobiça
Desta vaidade a quem chamamos fama!
……………………………………………
Deixa intentado a humana geração!
Mísera sorte! Estranha condição!”

(in ‘Os Lusíadas’ – Canto IV)

Não preciso das sentenças do Velho do Restelo
Para analisar o ostracismo a que fomos votados,
Não por erros do momento áureo tão belo
Da época quinhentista nunca mais chegados.

Mas outros valores negativos se afirmaram
Nas mentes governativas de então,
Pois para primeiro desvario expulsaram
Os judeus que de cultura muito tinham, mas em vão.

E, assim, novas chagas aqui chegaram
Sendo a primeira em mal a Inquisição,
Que tanta escuridão em mentes povoaram
Traições, mortes, desmandos sem perdão.

Surgiu, por isso, grande confusão
Cristão – católico, povo – clero,
Mas era tão densa a maldição,
Que tantos justos morreram aos pés de Nero.

Perderam-se os bons costumes neste rincão,
Deixou-se a terra para o fausto dos salões,
Onde pululavam alguns falsários e muitos rufiões
À procura fácil do ouro, que tanto fez perder esta Nação.

E, assim, dormindo à “sombra da bananeira”
Ficou quatro séculos esta heroica Pátria Lusitana,
Perdendo a arca do progresso, e de primeira,
Para a cauda se postou só com pragana.


José Amaral

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