Numa análise simplista poder-se-á dizer que o povo se
aburguesou, isto é, vive muito melhor do que em tempos idos, em que os seus
antepassados eram, de facto, proletários, muitos deles ‘descamisados’, vivendo
abaixo de qualquer dia-a-dia mais espartano.
Assim, um remediado de antigamente vivia pior do que hoje
vive um concidadão em pior condição. Ou não será?
As pessoas de agora estão cada vez mais sedentárias. Só se
movimentam se a casa for abaixo.
Por isso, não nos surpreende os problemas gástricos,
cardíacos e o excesso de peso.
Então, as pessoas mais ‘in’ vão aos ginásios, mas para
ajudarem nas mais leves tarefas domésticas não estão disponíveis, nem sequer se
sentem responsáveis para tal desempenho. Os pais e os avós que o façam e que
não chateiam quem ‘tanto labuta’.
Por sua vez, é ver-se o esmero altamente elaborado das unhas
de gel e de outros artefactos de beleza artificial do mundo siliconado, que
impedem que algo seja feito para que nada seja estragado.
E o telemóvel xpto para pôr a fofoquice em dia?
E quem paga para tanto fausto instituído, se os burgueses de
hoje ganham maioritariamente os ordenados de antigos proletários?
Por isso mesmo, a dívida pública sobe cada vez mais rumo ao
zénite, do qual mergulharemos vertiginosamente para o nádir.
Até temos ouvido proletários estupidamente aburguesados, já
na reforma, afirmar, quando instados a dizer o que fazem e eles responderem
‘não faço nada, compro tudo feito’.
José Amaral
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