quinta-feira, 6 de setembro de 2018


“Sangue, suor e... baterias”.


Com o título “Blood, Sweat and Batteries”, a Fortune dedica 11 páginas a reportar o que se passa numa mina de cobalto na República Democrática do Congo, onde a extracção é feita por menores com idades entre os 11 e l6 anos, sem recurso a nenhum tipo de máquina e o mineral transportado às costas dos miúdos até ao depósito onde se encontram especialistas chineses que avaliam da sua pureza e pagam em função disso.

 O cobalto é um componente chave para as baterias que equipam telefones celulares e outros aparelhos similares, assim como as baterias dos carros eléctricos, em crescendo por todo o lado, o que levou o preço do cobalto a subir 400% em pouco tempo, prevendo-se que vá continuar a subir, de acordo com a crescente procura.

Todavia, os miúdos que o arrancam da mina e transportam para o local de armazenagem são miseravelmente pagos; confessou uma das crianças que, num dia que corra bem, pode fazer o equivalente a 9 dólares, isto por doze horas de trabalho duríssimo, o que torna tristemente irónico o subtítulo da capa: “How to profit while fixing the planet”.

Estando esta riqueza num dos países mais pobres do mundo e sob alçada do governo, também um dos mais corruptos do mundo, as populações dessas terras só “beneficiam” das migalhas que lhes pagam pelo trabalho escravo na sua exploração; para milhões de congoleses, sem água corrente nem electricidade, a vida é cada vez mais dura e no ranking do desenvolvimento humano este país está na posição 176, num total de 188 países.

E assim se continua a exaurir Àfrica, em favor de lideranças locais corruptas e de exploradores estrangeiros, do que resulta o êxodo de multidões desesperadas na direcção dos países desenvolvidos, na vaga esperança de que lhes possa caber um pouco do que lhes tem sido roubado ao longo dos séculos...



Amândio G. Martins

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