quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Cortar e Reformar


Num país a caminho da perdição, o ‘Paulinho das feiras’ apresentou o seu guião, que levou dois anos a engendrar, só para nos dizer que ‘CORTAR é cumprir metas’ e que ‘REFORMAR é mudar modelos’.

Mas que metas e modelos? As metas são setas apontadas a todos os incautos caídos em emboscadas perpetradas por ‘palacianos’ sem escrúpulos, bem como reformar é matar a esperança de todos aqueles que em tal gentalha acreditou e votou, para, afinal, serem/sermos queimados vivos na praça pública da nossa vilipendiada existência colectiva.

E o mais vexatório é dizerem-nos – o passos, o cavaco, o portas, o pires de lima, e outros de igual e má sina, que querem reformar o estado, fazer uma refundação, incluindo uma regra de ouro na constituição, para que, de embuste em embuste, ao povo tudo custe, sem que nada mude de rumo, tal como um fio de prumo possa ser apenas um parafuso sem fim, em que a causa ou a cousa públicas continuem a ser o regabofe dourado de todos aqueles que nos levaram e continuam a perpetuar a desgraça colectiva de todos nós.

 

José Amaral

 

JUÍZES, UM SUSTO!


Na última década, e em particular depois dos efeitos do "crash" financeiro no nosso País, os políticos e os partidos têm sido, com toda a justiça diga-se, muito criticados pelo atraso estrutural do País, em comparação com outros da UE. Convém no entanto em abono da verdade salientar, como outros já o fizeram, que o funcionamento da Justiça é absolutamente essencial à existência de valores e princípios éticos. Mas a justiça, e em particular os Juízes, não param de nos surpreender. E quando estes cometem injustiças flagrantes, deveriam ser sancionados, como qualquer outro cidadão prevaricador. A autonomia dos juízes e a sua independência, que não se contesta, não pode ser confundida com o poder absoluto, quais monarcas da Idade Média que não respondiam perante ninguém. Algum controlo e supervisão deverão existir, para prevenir excessos, quando um simples roubo de fruta no supermercado dá prisão efectiva, quando um homicida confesso não é preso, e tantos outros casos em que não se percebe uma coerência, uma orientação, antes decisões incoerentes, que emitem sinais contraditórios para os cidadãos e para as empresas. Segundo o jornal "Público" de 29/10/13, terá sido aplicada pelo tribunal de Braga uma pena suspensa de 4 anos e meio de prisão, por um roubo (digo eu, "desvio" segundo o jornal) de 252 000 euros a uma Conservatória daquela cidade. Terá pesado na decisão do tribunal a confissão dos crimes, falta de vigilância dos superiores, e talvez, julgo eu, o "desvio" ter sido motivado por "amor". A arguida apropriou-se do dinheiro para o dar a um amante, que gostaria de comprar uma casa no Brasil!!! Com uma sentença destas, todos os actuais presos por roubos de menor valor, deveriam ter o direito legal de pedir revisão de sentenças, e os respectivos processos deveriam todos ser julgados por este mesmo Tribunal de Braga. Como é que um Juíz sério e competente, que queira sancionar um crime de um roubo qualquer, poderá aplicar pena de prisão efectiva depois de uma decisão destas? Não será isto um verdadeiro incentivo à prática do crime, e do roubo em particular? Se o problema é da Lei, no que não acredito, mude-se então a Lei!

(Publicado na íntegra no jornal "Público", na sua edição de 31 de Outubro de 2013)

D. José Policarpo outra vez ao lado do Governo

A hierarquia da igreja foi o maior e melhor sustentáculo do salazarismo e da sua injusta e mortífera guerra colonial. Pouca gente no seu seio, mostra prática cristã. Têm-se mantido silenciosa
face às graves, dramáticas e funestas políticas que têm empobrecido trabalhadores, reformados, pensionistas,... e destruído a nossa economia interna. Aquando no activo, o Cardeal José Policarpo (JP) esteve várias vezes ao lado deste Executivo. É desolador, contraditório e deprimente ver a hierarquia católica com um discurso de comprometimento pelos humildes e oprimidos (pobres)
e, na prática é solidária com quem os violentamente oprime! Agora, como Patriarca emérito diz não ver «soluções apresentadas pela oposição». Diariamente, na Assembleia da República os partidos da oposição criam alternativas às políticas de austeridade destruidoras. A CGTP enumera um conjunto de propostas pertinentes, personalidades idóneas: Economistas, jornalistas, fiscalistas
e outros apresentam modelos diferentes que a concretizar, daria folga ao garrote asfixiador do Povo. Nomeadamente aos paupérrimos que nem energia e meios têm para se manifestarem...
Os governantes não ouvem nada, nem ninguém. A palavra de ordem é: austeridade custe o que custar, nem que seja preciso morder a língua(!). Portugal regrediu 40/50 anos em termos de pobreza, emigração, cultura, desertificação do interior,etc.etc. O emérito JP tinha obrigação de ter tido e ter no futuro outro discurso. Quer que o Povo continue a baixar a cabeça. É triste. Valha-nos... e Deus!
“ O Governo está a semear a miséria” e “Este Governo é incompetente e insolente” disse solidário e com lucidez cristã o Bispo D. Januário Ferreira Torgal. Que nunca lhe doa a língua e Bem-haja!

Vítor Colaço Santos

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Política das Ideias


No início dos anos setenta, do século passado, na Universidade de Harvard, desenvolveu-se uma obra de referência, no campo das ideias políticas, que reacendeu o debate em torno delas. Essa obra intitula-se: Uma Teoria da Justiça. Nela, John Rawls, enaltece que as sociedades humanas caracterizam-se tanto pela harmonia como pelo conflito. Harmonia, porque os seres humanos desejam a paz e repudiam a guerra, e ainda, porque tiram proveito vivendo juntos e cooperando uns com os outros. E conflito, porque a cada um deles interessa avidamente aglutinar os frutos da colaboração social tão amplamente quanto possível.
            A nossa sociedade de harmoniosa tem muito pouco, contudo, em conflitualidade, os exemplos multiplicam-se. As elites parasitárias, perdidas num materialismo desenfreado, olvidaram-se de actualizar as riquezas espirituais. Com a agravante de que anestesiadas de tanta euforia, não se lembraram que a democracia não é um regime estático. Pelo contrário, é um regime inacabado, que requer constante restauração e rejuvenescimento. Para “acrescentar valor”, permitam-me que use uma linguagem tecnológica, precisa de uns upgrades, nas mais diversas áreas, para não ficar obsoleta.
Acresce o facto de nunca termos tido uma verdadeira consciência supranacional, critica aliás, que pode ser direccionada também às elites políticas da (Des)união Europeia. Que ou inverte drasticamente o rumo, ou estará condenada à desagregação…
            Por isso, o tempo urge, reclamando a necessidade, que renasça uma sociedade mais justa e mais humana, para resistirmos de forma mais preparada à perigosidade que se alastra. Só dessa forma, será possível projectar Portugal na senda do progresso e do desenvolvimento, não só ao nível das riquezas materiais, mas, principalmente ao nível das espirituais. Para que deixe de ser uma miragem, o desejo de poder viver numa outra sociedade, onde não exista tanta desigualdade, tanta injustiça e tanta corrupção.  


Nuno Abreu

O Livro em Branco - 10 (continuação - página 19)


Nota: poema nascido aquando da minha forçada estada na ex-Guiné Portuguesa, como miliciano na Guerra Colonial, entre 1966 e 1968)

 o teu poema

 lago cristalino

de límpidas águas,

com vestes tão alvas

como a tua alma.

 
que divino lago

vejo em teus olhos!

que sublime prece

sai dos teus lábios!

 
e quando amanhece

e a seiva brota

tudo renasce,

como de ti

brota o amor.

 
do límpido lago

que teus olhos têm

e em mim cai,

gota por gota,

do lago divino

cantando um hino

ao nosso amor.

 

José Amaral

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Fia-te na virgem e não corras!


Não paro de me surpreender com a incúria e até desfaçatez como certos concidadãos deixam ao acaso tudo que se prende com a preservação da sua própria vida e a do seu semelhante, às vezes invocando o santo nome de deus em vão com a seguinte expressão: seja o que deus quiser.

É o caso mais recente havido com o naufrágio da embarcação Jesus dos Navegantes à entrada da barra da Figueira da Foz, no qual pereceram quatro tripulantes, que andavam na faina da pesca, a cujas famílias apresento os meus sentidos pêsames.

É que, segundo foi apurado pelas autoridades competentes, houve (novamente) mais um gritante desleixo laboral, em que os referidos pescadores não usavam coletes de salvação e que pelo menos dois dos náufragos não sabiam nadar.

Já, há tempos, noutro idêntico naufrágio, tinha ‘denunciado’ o não uso do salvador colete, pelo que até tinha feito alusão por comparação a quem faz sexo ‘seguro’ sem usar preservativo, ou até o uso de um terço no espelho retrovisor do automóvel, a fim de se evitarem desastres rodoviários, para que as vítimas de alguns ‘crentes’ condutores não pensem no slogan ‘fia-te na virgem e não corras’, como se tal protecção os protegesse de tanta incúria colectiva.

José Amaral

 

Cântico Colorido

Ouvi na Antena 2 (programa «A Vida Breve»), no passado dia 15, este poema fabuloso do jovem poeta Pedro Sena-Lino (1977) e lido por ele mesmo, que quero partilhar:

Ela diz sujeito
Ele diz complemento

Ela diz nós
Ele diz eu

Ela iz amor
Ele diz cama

Ela diz sempre
Ele diz hoje

Ela diz eu caso
Ele diz um caso

Ela escreve
Ele rasura

Ela sente
Ele cala

Ele é ele
Ela é ambos

mas por isso é que só ela se multiplica.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Dividir para reinar ou reinar sem dividir?


Nenhuma sociedade dividida contra si mesma pode subsistir.
 
Frequentemente, encontramos no seio da sociedade células como a Família, a Empresa e o Estado, nas quais alguns dos seus membros se empenham em deixar em herança o legado da divisão.
Assistimos depois a Famílias que se transformam em Empresas e que, salvas as devidas exceções, não vingam nem como Família nem como Empresa pela divisão que as dilacera.
 
De modo idêntico, o Estado e os seus representantes máximos, que tantas vezes se deixam tentar pela máxima “dividir para reinar”, obstinam-se em colocar novos contra velhos e velhos contra novos (o denominado cisma grisalho), o público contra o privado e o privado contra o público, o trabalho contra o capital e o capital contra o trabalho, os sindicatos contra os patrões e os patrões contra os sindicatos, os partidos e os órgãos de soberania uns contra os outros, com prejuízo para todos, claro…
 
Algo de muito errado se passa numa sociedade e num país, que vive uma tão profunda crise de valores éticos, sociais, económicos, políticos, que quer seguramente ultrapassar, mas que, paradoxalmente, parece encontrar-se refém de si mesmo e relutante em mudar e avançar.
Coloquemos de lado as imprudentes ideias de “cismas”, que tanto mal fazem não apenas à Igreja mas a tantas Famílias, Empresas e ao próprio Estado e procuremos construir, em conjunto, as “pontes” necessárias que unam ambas as margens do rio, sobretudo as vidas daqueles que vivem e trabalham em ambas as margens, novos e velhos, ricos e pobres, patrões e assalariados, de “direita” e de “esquerda”, crentes e não crentes. “Reinar sem dividir” pode dar mais trabalho, mas, salvo melhor opinião, parece ser o que a maioria dos portugueses e das portuguesas quer e precisa nestes tempos tão extremos e desafiantes para todos, sem excluir ninguém e sem desistir do “outro”, seja este quem for. Vale a pena.
 
Luís Filipe Diz Fernandes

Sem consensos, espera-nos a Ditadura

Estamos a viver tempos demasiado turbulentos, e quem poderia ter alguma possibilidade em evitar o trambolhão final, faz sempre e cada vez mais, parte do problema e nunca da solução.

Muitos dos que se acham senhores da obstinação, nunca viveram em ditadura, logo não sabem como foi, e muitos – demasiados – dos que a viveram, hoje, num tempo em que se faz tudo para esquecer a História e não haver Memória, entram no esquema mediatizado global, de esquecer o passado. Parece que o passado começou, faz dois dias!

Quando se vislumbra uma pequena possibilidade de negociação de acordos, a necessidade de “meter” os média ao barulho e a ansiedade destes de “já” lá estarem, faz com que se tenha que ir sempre do contra, “numa do não”, mesmo antes de haver dialogo ou triálogo. É só monólogo!

E, assim, temos partidos/movimentos que se não estiveram nas Oposições desaparecem, logo nunca podem negociar, para não acabar.

Depois temos o “raio do arco da governação”, com instalados deslumbrados com os seus umbigos e que não negoceiam para não se desinstalaram, para não perderem o lugar, para não se conciliarem. Era o que mais havia de faltar.

A nível de topo do País, não há carisma, logo o poder de influência, o poder de cativar, de ajudar a negociar, se algum dia terá existido, hoje está pela “rua da amargura”.

Se a ideia for continuarem todos de costas, feitos amuados e convencidos para não perder privilégios, próprios e únicos, vai acabar. A mal.

E que acabe mal para eles “lá de cima”, já é de nenhuma importância dado terem ajudado sempre à confusão e esquecido a população.

O grave é que o caminho traçado vai acabar mal para todos nós, e quando nos cair uma ditadura em cima, com uns salvadores tipo Hitler, Pinochet, Mussolini, Estaline – há mais! -, levando o país ao paraíso, vai ser mesmo a doer e acaba-se, aí, qualquer hipótese de conciliação, será tardia e impossível. Será tarde.

Haverá camaleões que passarão de democratas a vassalos da ditadura, mas não serão todos. E vai ser muito mau e já esteve mais longínquo.

Augusto Küttner de Magalhães

Outubro 203

( DN de  27.10.2013, com outro titulo)

sábado, 26 de outubro de 2013

A urgência de um acordo entre PSD e PS...

Se um presidente de câmara independente consegue obter um acordo de governação com o PS para garantir estabilidade na condução dos destinos da autarquia da segunda cidade mais importante do país, não há razões que justifiquem a incapacidade para que os dois maiores partidos portugueses (PSD e PS) não se entendam por forma a obterem um acordo de entendimento a longo prazo (no mínimo 10 anos) que permita a Portugal falar a uma só voz nas instâncias internacionais. 
Veja-se o que se passa na Alemanha, onde são envidados esforços para que o partido de Merkel chegue a um entendimento com o partido da oposição. Por cá, continuamos a ter a mesma "cassete" de sempre: o governo propõe e a oposição crítica e cada vez que um novo partido chega ao Governo desfaz o que o anterior construiu. E, assim, o que temos? Uma incapacidade atroz para que a nossa credibilidade externa possa ser levada a sério.
Enquanto PSD e PS não se entenderem em questões fundamentais como a reforma do Estado Social, o futuro do sistema de Segurança Social e políticas basilares como a fiscal, a da justiça, a da educação e a da saúde, continuaremos a assistir a esta espuma dos dias centrada no "bota abaixo" constante entre PSD e PS, que, na prática, não traz quaisquer benefícios aos nosso país. Bem pelo contrário! Lá dizia o outro: "não se governam, nem se deixam governar".

Por Pedro Peixoto
in Público, 25 de Outubro de 2013

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Substitua «Brasil» por «Portugal»

Em Dezembro de 1968, a escritora e jornalista brasileira Clarice Lispector escreveu o seguinte, a proposito de 40 estudantes brasileiros que entrevistara:

"Tive simplesmente esperança no Brasil. Nunca esquecerei aquelas caras jovens e ansiosas e delicadas e tenazes. (...) o Brasil precisa dessa juventude límpida e corajosa. Mas, para que ela se desenvolva e se transforme completamente em gente valorosa, é preciso que o Brasil cresça mais e lhes dê agasalho. (...) na minha terra que por enquanto é subdesenvolvida mesmo mas que vai crescer um dia ate se transformar no Brasil que queremos e amamos. Eu também preciso do Brasil. Quero vê-lo saindo da miséria e da morte (...). Eu preciso de um Brasil maior para me ajudar a entender o mundo e amá-lo. Fora do Brasil não há esperança para mim. Experimentei, como mulher de diplomata que fui, viver em outros países. E é indubitábel que só posso viver e morar no Brasil. Este me deu a língua portuguesa que é linda para se trabalhar e escrever.(...)"

Ele está aí!


O irredutível Sócrates está de volta. Quando ele conseguiu um programa semanal na RTP1 já se previa que isto ia acontecer. Depois, aos poucos e poucos, lá foi aparecendo aqui e acolá. Na RTP1 o Herman deu-lhe mais um espacinho para ele ocupar no seu último programa. Por fim foi o "livro". Patético senão fosse em Portugal. A apresentação da  sua tese (?) sobre tortura em democracia reuniu um sem número de convivas que o bajulam. Ou lhe devem favores. Uma encenação completa. Vai-se candidatar a quê? PM ou PR? Portugal vive um crise profunda e andam estes políticos ressabiados com certas pessoas em vez de se preocuparem em ajudar a tirar Portugal da miséria. Nada de novo. Nada que nunca se tenha feito. Ler "O Poder e o Povo" de Vasco Pulido Valente serve muito bem para perceber qual a classe política que nos calhou. Com as devidas excepções, note-se. Vamos ter de aguentar  novamente com o Sr. Engenheiro? Ai aguentámos, aguentámos!
Meus senhores e minhas senhoras, meninos e meninas, bem vindos ao Circo Político Português!! O Grande Ilusionista está volta ao palco mediático!!

À ESQUERDA, TUDO SE PERDOA!


A actuação da NSA dos EUA tem sido absolutamente miserável. Num mundo de evoluídas tecnologias de informação, não se pode desculpar por incompetência o terem espiado os telemóveis de vários líderes mundiais, de Dilma a Merkel. Eu bem sei que o combate ao terrorismo, de que os EUA têm sido uma das principais vítimas, designadamente no seu solo pátrio, exige medidas extraordinárias e que a segurança da maioria dos cidadãos deve prevalecer sobre alguns direitos de privacidade, como câmaras de vigilância e escutas telefónicas supervisionadas. Agora espiar telemóveis de líderes de países amigos, é coisa que constitui um acto de quase pré-guerra. É um acto miserável e hostil, não o consigo enquadrar de outra forma. Que Obama vigie os contactos de líderes de países assumidamente inimigos dos EUA, e que assumem querer combater e destruir os EUA, é uma coisa. Agora líderes de países amigos não tem perdão. Chegados aqui, resta reflectir um segundo só, no que teria acontecido se não fosse Obama o responsável, e tivesse sido George Bush. Já imaginaram? A Europa inteira, toda a "esquerda" europeia e Mundial teria caído em cima de Bush, o teria crucificado, e mesmo nos EUA não teriam descansado até conseguirem um "impeachment". Com Obama, porque é de esquerda (leia-se esquerda americana) não se passou quase nada. Uns pequenos protestos públicos dos próprios visados (era o que faltava, se não tivessem piado) e nada mais. É o que eu venho dizendo há muito, à esquerda tudo se perdoa, até crimes do código penal, aos da direita, à mais pequena coisa, caiem-lhe todos em cima. A comunicação social, os media em geral, cheios dessa gente de esquerda, ajudam muito, como é evidente. Até duvido que este pequeno desabafo possa ser um dia publicado.

(Esta carta foi publicada, na íntegra, na edição do "Público" de 27/10/13)

O Livro em Branco - 9 (continuação)


Conteúdo da página 18 (poema urdido durante a Guerra Colonial):

 Arrancada

 Na solidão

Soa o canhão

E então vede

Com que sede,

Com que ódio

Encaro a morte,

Com esta sorte

Que não tem norte,

Não tem nada,

Mesmo nada.

 

Nada tenho

Com razão

Deste olhar

De folião

A andar

Sem vacilar

Nem cair

Ao sair

Desta ilusão,

Como palhaço

Certamente passo

Na vereda

A compasso,

Em labareda.

 

José Amaral

 

Swaps e "contratos"

Afinal os contratos swap podem ser anulados, caros “experts”!
Estes contratos são anuláveis se houver uma alteração “anormal” das circunstâncias que se verificavam aquando da sua celebração, nomeadamente ao nível das taxas de juro, de acordo com a sentença do Supremo Tribunal de Justiça a propósito de um swap de 2008 entre um empresário de Barcelos e um Banco!
O mesmo acontece com as ppp e afins!
De que está à espera snr.passos coelho? Afinal tem muito onde cortar sem ir aos bolsos dos pensionistas e funcionários públicos como o tem feito sempre!
Está na hora de ir “roubar” aos grupos económicos que querem sugar mais de 2.000 milhões de euros ao erário público!
Com este precedente vamos aguardar para ver qual será, efetivamente, o jogo deste vil governo e desmascarar as suas reais intenções!
 
Renato Oliveira

Para se ser de esquerda, é-se deseducado?


Para se ser de esquerda, é-se deseducado?

Penso que não! Penso que se pode apostar em não querer tudo só para nosso bem e querer – também - bem para os nossos semelhantes, sendo-se de esquerda e educado!

Parece-me que ser-se de esquerda não implica comer com a boca aberta ou andar sem tomar banho. Antes pelo contrário, até para termos algum conforto e os outros não se sentirem desconfortáveis, connosco.

Ser-se educado, respeitarmo-nos e respeitar os outros, até é um princípio de esquerda. Logo, ser de esquerda até condiz com ser educado. Ter princípios, valores, respeitando-os exemplarmente e fazendo com que os outros também os respeitem.

Querendo algumas coias para nós, mas educadamente pretendendo que os outros também as tenham. Não querendo tudo só para nós. Logo, ser de esquerda implica ser educado.

Ser de esquerda não é sinonimo de entrar num sítio onde todos estão em silêncio, e desatar aos berros, a tudo e todos incomodar. Bem pelo contrário.

Então? Bem, então, nem ser de esquerda ou de direita, implica ser selvagem! Sejamos do que acharmos melhor dever ser, devemos ser educados. Devemos respeitar para ser respeitados. Nada de religiões, antes de pessoas, educados. Que temos que voltar a ser, todos!

Mas então não foi só a esquerda que se abandalhou. Todos se abandalharam. Todos se deseducaram, e acharam “fino” comportarem-se deseducadamente.

Esquecemo-nos a cada dia que passa de dizer faz favor, e depois obrigado. Parece mais fixe à esquerda, mas a direita está na mesma.

E falam todos ao mesmo tempo. E insultam-se, e não se respeitam, mas não só o tempo do outro falar, mas o que disse, mesmo, claro, não tendo que estar de acordo. Antes pelo contrário.

Mas ser de esquerda ou de direita não dá tempo, hoje, a tentar haver diálogo civilizado entre pessoas, que acham que tudo vale até olhos arrancar se a ideia, seja de direita, seja de esquerda é cegar o parceiro, para – este - nada ver, ou ficar a ver o que eu quero que deseducadamente veja?

Então. Bem, agora estamos todos a ficar tão mais deseducados, tão incivilizados. Não. Não. Não temos que estar sempre com boas maneiras ou maneirismos. Estes, nunca! Mas. Bem mas, podemos deixar falar o outro, quando é a sua vez. Escusamos de berrar para só a nós nos fazermos ouvir. Oh, não havia necessidade de não ter deixado passar à nossa frente aquela senhora! Não me atrasava.

Mas, sempre me atraso, e estou-me marimbando se deixei alguém ou muitos alguéns, à minha espera! Chego quando chegar, e pronto.

Talvez nada tenha a ver com esquerdas ou direitas, mas antes e sempre e cada vez mais, em sermos deseducados. Sem dúvida. Todos e cada um!

Temos que passar - se calhar - a ser todos mais civilizados, mais educados, mais correctos uns com os outros, e talvez recuperemos muitos dos valores que tanta falta nos estão a fazer! Enquanto é tempo!

Augusto Küttner

Faz favor e Obrigado. Já era!


Faz favor e Obrigado. Já era!

Não podemos, não queremos, nem devemos voltar a tempos de disciplinas excessivamente rígidas em que uns tudo mandam e outros tudo obedecem, sem justificações, só porque tem que ser, é assim, ponto.

Porém, não nos vai ser possível por muito mais tempo continuar a viver nesta selva em que estamos “confortavelmente” instalados.

Vale tudo, chegaremos, a assim continuar, até a valer arrancar olhos, quando a intenção for de facto “claramente” cegar o nosso igual.

O pedir por favor, o segurar uma porta para o que vem atrás passar e não levar com ela – porta – na cara, era o que mais faltava ter que hoje se fazer.

Dizer simplesmente obrigado, quando alguém se comporta civilizadamente connosco, quando nos tratam com cordialidade, quando nos são simpáticos – correctos! – era o que mais faltava.

Já era, já não se usa, é uma banalidade, o faz favor e o obrigado. Para quê?

Os outros animais, aqueles que pensam bem menos que nós, não o fazem e safam-se, para que haveríamos nós, humanos, de ter que o fazer?

Talvez a baixar assim, cada vez mais o nível, os animais de estimação que muitos têm, se venham a conseguir portar bem melhor que os seus donos, e seremos pelos ditos animais ensinados a dizer uma vez mais, faz favor e obrigado. Esperemos que não, tarde de mais!

Augusto Küttner

Estamos a nivelar tudo por baixo


Estamos a nivelar tudo por baixo

Este nosso País entrou num tempo de total desnorte e consequente declínio institucional. Em todos os aspectos.

Já não só nos salários e reformas, que levam pancadas permanentes de encolhimento, até se acabarem.

Já não só nos empregados que levam encolhimentos constantes para ficarem desempregados. Ou empregados sem o ser!

Já não só nos políticos que dão pancadas, todos, todos, na política, por não saberem o que “isso” é. Até a acabarem de vez! Com a política, não com os próprios!

Entramos no abaixamento da educação que já não só instrução, esta também em baixa, e sem critérios. E o civismo e comportamentos em sociedade baixam-se a cada momento que passa.

Estamos no vale tudo, e quanto mais andamos mais exemplos de incumpridores que deveriam ser exemplares, encontramos. São-nos expostos. E ficam sempre bem e a ganhar. Quanto pior, melhor.

E, até a condução automóvel parece ser feita por animais não pensantes, que quando postos ao volante entram de facto na lei da selva. Vale tudo.

Aqui, nunca fazer pisca em mudança de direccção – se eu sei que vou por ali, mais ninguém tem que saber - circular sempre pela esquerda, não ligar aos peões – esses chatos - nas passadeiras, não respeitar sinais stop, não respeitar o semáforo vermelho, estacionar em cima de passadeiras. Vale tudo desde que nós estejamos bem, os outros que se lixem. Mas há demasiados outros a fazer o mesmo, e a selva generaliza-se!

Quanto aos restantes comportamentos supostamente em sociedade, predomina a mesma selvajaria. Em locais públicos quem falar mais alto e mais outros incomodar, melhor. Já se fuma publicamente em locais proibidos com total desprezo não só pelo não fumador, como pelo aviso de não fumar.

Atende-se telemóvel em local público aos berros, todos ouvimos tudo o que não estamos a querer ter que ouvir, mas é assim.

Chega-se – mas isto já tem décadas! – sempre atrasado a tudo, os outros que esperem!

Tenta-se desprezar o espaço mais insignificante do nosso semelhante, desde que o nosso - espaço- esteja a nosso feitio. E sempre só os outros fazem mal, nós somos sempre, e sempre seremos exemplares. Mais que não seja tratamos do nosso espaço, só para nós!

Quando nos portarmos ainda mais como autênticos animais irracionais – não está distante - , estaremos ainda mais aptos e formatados a viver na selva que estamos a construir dia a dia, e será bem mais difícil recuperar o país , não só na economia e nas finanças, mas também para uma vivência civilizada entre Pessoas. Mas, é o caminho que estamos “tão bem “ a traçar e seguir! Selvagemente!

Augusto Küttner

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

PARA ONDE VAI A EUROPA?

Um relatório da Cruz Vermelha, regista que na análise efectuada a 52 países na Europa, 34 registam taxas de pobreza superiores a 10% da sua população. Se se considerar o risco de pobreza, teremos 120 milhões de pessoas atingidas pela destruição de direitos sociais e pelo crescimento massivo do número de desempregados. Não admira que alguns perspectivem o aumento de pessoas pobres na União Europeia nos próximos dez anos, a uma média de 2,5 milhões por ano. Segundo o mesmo relatório da Cruz Vermelha, mais de 18 milhões de pessoas já recorrem a ajuda alimentar e 43 milhões têm dificuldades diárias nas suas despesas de almentação. Segundo alguns analistas, as instituições políticas e financeiras europeias e os governos nacionais, não só não resolvem nenhum dos problemas económicos e sociais, como tentam enganar, as pessoas e opinião pública, falando dum crescimento económico que vem aí, quando tal não se ajusta com a actual elevada taxa de desemprego, com tendência para crescer ainda mais. Só uma profunda mudança política nas instâncias europeias e nos governos dos países, pode mudar o rumo de desastre económico e social que afecta a Europa.

Já nasceu!

É verdade!
Os sonhos também se concretizam.
Um belo dia deu-me na cabeça para contactar leitores que regularmente escrevem para o espaço público dos jornais, tal como eu...
Um a um, foram aceitando o desafio. 
Uma aventura arriscada...
Não conhecia ninguém, para além da sua escrita. Doze. Somos 12, entre os 40 e os 80 anos. Não há idade na escrita. Não há velhos nem novos. Apenas ideias, pensamentos, que não têm idade! De Lisboa a Penafiel, estamos dispersos e nem por isso deixámos de nos encontrar. Primeiro na Casa da Música, que o PÚBLICO quis reportar a 28.12.2012, depois num restaurante simpático, em Coimbra.
O desafio louco feito a gente louca, sem medo, que acredita que muita coisa é possível fazer neste país, não obstante as dificuldades que parecem minar-nos os passos e a vida.
Com altos e baixos, chegámos à meta.
O livro chegou-nos a casa. Uma beleza.
Um livro não diz tudo: talvez o mais bonito do percurso não seja possível escrever-se... dizer-se.
Talvez o melhor da vida não se escreva mesmo!

Estão todos convidados a estarem presentes no lançamento!!

A antítese de outra


Tenho constatado que ultimamente os tempos mudaram muitíssimo mais do que em alguns séculos, plenos de marasmo.
Todavia, os pensadores da actualidade falam incessantemente do que foi  o ‘século das luzes’, não vislumbrando quão negros foram os túmulos de multidões, que nasceram e neles foram sepultadas, sem terem tido qualquer luz de esperança nas suas desgraçadas vidas.

Agora, baixando a fasquia para assuntos mais corriqueiros e, no que toca ao desporto em geral, dizem-nos que no ‘antigamente’ é que era bom e que hoje em dia tudo é mistificação. E que no futebol, então, os interesses sobrepõem-se à verdade desportiva.
Será mesmo?
E pergunto: quanto terá pago CR7 ao RM para jogar na equipa que já foi apodada de galáctica?
Mas veja-se, por antítese, o gritante caso mais recente passado no mundo da Fórmula Um, em que o nosso valoroso António Félix da Costa foi preterido por não ter quinze milhões de euros para ofertar à (sua) equipa Red Bull, pelo que foi substituído por um desconhecido corredor soviético, o qual, só para ‘bem’ conduzir, abriu os cordões da sua multimilionária bolsa.

Eu, com 70 jovens anos de idade, até me posso vangloriar de ter passado ao lado de uma grande carreira automobilística, porque nem cheta tinha para mandar cantar um cego.
Todavia, só de me lembrar da gincana de sonho feita por mim na pista de ciclismo do desaparecido Estádio do Lima, no Porto, ao volante do mítico Fiat 600D, ainda sinto muitos calafrios, apesar de tal ‘ímpar’ feito se ter passado na longeva década de 70, do séc. XX.

 
José Amaral

 

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

OE 2014 não promove o crescimento

O défice inscrito no OE 2014 não é alcançável. Porquê não se terem feito cortes às PPP nem aos que devem 14 mil milhões de euros(!) ao fisco e à Segurança Social? O corte às PPP permitiria evitar subtrair nas pensões de sobrevivência. Razão tem Marisa Lopes, no “Diário Económico”: «A tesoura cega continua a ser aplicada aos salários e pensões. E os milhões vão directos para a banca»... A redução salarial origina menos consumo, menor produção em fábricas e empresas logo, mais desemprego. Está escrito: consumidores empobrecidos, empresas com baixa produção e quase descapitalizadas, não geram crescimento económico. Inscreveu-se no OE 2014 um avultado pagamento aos consórcios das parcerias público-privadas, assim como ao sector financeiro que irá ser contemplado pelo pagamento de juros da dívida pública, com valores de milhares de milhões de euros! A imprensa escreve, que a banca e os especuladores imobiliários foram os que mais contribuíram para a actual funesta crise e, para os seus fundos de investimento de imobiliário (que estão fechados), o OE 2014 mantém inacreditáveis e escandalosas isenções fiscais. É fácil e dá muitos milhões cortar nos mais desprotegidos, naqueles que ainda não têm vez e voz.

Vítor Colaço Santos 

Ecopontos e contentores


Todas as faltas de urbanidade e de respeito mútuo, que põem em risco uma sã vivência colectiva, deixam-me muito angustiado.

Por isso, volto novamente ao ‘mundo’ dos ecopontos (para se reciclar lixos não bio-degradáveis) e dos contentores (que recebem todo o lixo bio-degradável a nível doméstico).

E, nesse sentido, é deveras lamentável que, em sítios aonde há todos esses recipientes, os concidadãos (numa larga maioria) nada façam para seguir as boas regras de limpeza, de saúde pública, bem como de não viverem socialmente dentro dos parâmetros civilizacionais, deitando todos os seus lixos onde lhes dá a ‘real gana’, no sentido mais negativo: existencial e ambiental.

Também fico muito incomodado quando ouço outros concidadãos vociferarem com toda a boçalidade que ‘exigem isto, aquilo, e mais alguma coisa’ numa inculta desfaçatez tal que, desse modo, perdem toda a razão, pois exigem e exigem sem senso algum, não tendo em conta os seus próprios deveres perante a sociedade em que se inserem.

Daqui se infere que este país tem tantos incultos como cultos, só que muitos ditos cultos são mais incultos do que os verdadeiros incultos da nossa má vivência colectiva.

José Amaral

Nota: este texto foi também publicado no PÚBLICO, de 26OUT2013