terça-feira, 22 de outubro de 2013

A obra suprema do duriense


Torga chamou-lhe ‘Reino Maravilhoso’,

sendo ‘o mais belo e o mais doloroso

monumento ao trabalho do povo português’,

como Jaime Cortesão explicou alguma vez.

 

Assim, foram cantadas as paisagens vinhateiras,

em que o clima tem um curto inferno estival

e um cortante Inverno sem fim, para, afinal,

os dois unirem árduas e imensas trabalheiras.

 

O duriense tenazmente ultrapassa tais infortúnios

e às fragas xistosas arranca o que nelas são ouro,

desenhando rasgados socalcos prenhes de desígnios,

 

numa mistura agridoce em demanda do tesouro

em que o suor e as lágrimas são os sacrifícios

contidos no celestial néctar do nosso Douro.

 

José Amaral

 

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