A Organização Mundial de Saúde considera a depressão a grande epidemia do século XXI. Já atinge quase ¼ dos Portugueses, sendo a principal causa de incapacidades e a origem de mais de um milhar de mortes anualmente. Portugal vive numa grave depressão, também em termos de coesão social. Esta sociedade tem cada vez menos capacidade de resposta em momentos de falta de saúde, desemprego e pobreza extrema. A erosão da coesão social é galopante, repercutindo-se acentuadamente na saúde mental dos nossos concidadãos, na combalida sanidade das famílias, no aumento exponencial dos suicídios, na ocorrência de mortes evitáveis. A depressão instala-se e é directamente proporcional à penúria de resposta do mercado de trabalho. Quem está desempregado e não recebe prestação social – deprime.
Esta sociedade economicamente anémica e socialmente desigual e injusta, empobrecida e onde o comum cidadão não interessa para nada, espoleta cada vez mais um maior número de pessoas vulneráveis à depressão. A área da saúde mental é muito sensível aos apoios sociais e quando estes vão sendo suprimidos a gravidade dos quadros depressivos aumenta significativamente. As dificuldades económicas, a perda de emprego, da casa e por vezes da própria família, deixam as pessoas mais do que tristes, causando o desespero. Há casos em que os doentes não conseguem ultrapassar a doença apenas com a ajuda da Psicologia, necessitando de complementar a terapêutica com medicamentos. As doenças mentais e neurológicas já afectam 2,5 milhões de Portugueses, daqui a uns anos os índices serão reveladores... Devido à potenciada crise e ao darwinismo social instalado, a falta de dinheiro gera dramas como os doentes terem que interromper a medicação e não se poderem deslocar aos hospitais e centros de saúde. Porém, na Europa somos os que gastamos mais em antidepressivos (!). Esta gente que diz governar (diz...), cada vez menos dinheiro utiliza do PIB para tratar a saúde mental. Está em marcha um plano de regressão sobre os psicofármacos receitados. Prescrevem-se remédios de há 40/50 anos com efeitos secundários perversos, dando origem à significativa perda de qualidade de vida dos doentes. Porquê esta perniciosa opção? Porque o ministro fiscalista da Saúde “quer fazer mais, com menos”(!). Como disse?
“A saúde mental é tão ou mais importante que a saúde física” disse e bem o Presidente da ADEB, Delfim Augusto de Oliveira. Investir na nossa saúde mental é lutar por melhor qualidade de vida, diminuindo o sofrimento das pessoas com diagnóstico psiquiátrico. A prevenção é a melhor forma de poupar dinheiro. “(...)a doença mental é responsável por quase metade do absentismo laboral [e] os custos de não agir, ou agir de forma insuficiente para a dimensão do problema, serão enormes e consumirão muito mais recursos no futuro, com as consequências negativas daí decorrentes. Esta é mais uma dívida pública para as gerações vindouras pagarem!” escreveu assertivamente no Diário de Notícias, o bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses, Telmo M. Baptista. Cortar e recortar na saúde mental é CRI-ME!
Humor irregular, insónia persistente, ansiedade, angústia, falta de energia anímica, raciocínio e memória em perda e ideias pessimistas acompanhadas de tendência para o suicídio , são alguns dos sintomas que pré-anunciam depressão, precisando de ajuda e acompanhamento da Psicologia e Psiquiatria. Quem aceitar e admitir o seu transitório estado depressivo tornará mais fácil, mais rápido e mais eficaz o tratamento. É da mais elementar justiça realçar o meritório trabalho desenvolvido pela ADEB – Associação dos Doentes Depressivos e Bipolares, como um bom porto de abrigo para recuperação, reinserção e superação de inúmeros casos diagnosticados. Urge ser resiliente. Os tratamentos existem, a cura é possível e a Vida (que é Querida!) voltará a sorrir também com Força interior. È preciso Acreditar!, que a depressão pode deixar de doer!!
Vítor Colaço Santos
Vamos "indo" depressa de mal a pior!
ResponderEliminarAugusto