Assistimos indignados e revoltados à extinção de programas culturais em estações do Estado. Na RTP 2 mataram a “Câmara Clara”, diário cultural com espaço alargado ao Domingo.
Na Antena 2 houve uma razia: os programas de 2ªfeira de Joel Costa foram saneados. Nas manhãs de Domingo, a cultura também esteve presente num programa conduzido por Luiz Caetano com Miguel Real, Luiza Schmidt e Maria João Seixas que foi suprimido. Agora «cortaram o pio» ao eclético Pedro Malaquias, nas manhãs dos dias úteis. Não houve substituições.
Estas pessoas fizeram precioso e notável serviço. Porquê esta censura? A cultura reduzida ao entretenimento e diversão é passar-lhe uma certidão de óbito. Há uma imbecilização em curso por parte do poder dominante apostado em trocar o valioso bem cultural pela alienação e embrutecimento. Exige-se uma Cultura resistente, libertadora e independente. A Cultura séria caminha para a indigência inaudita. Degrada-se! Fala-se de Cultura e a direita não tem nada para dizer. Daí rebaixá-la para uma mera secretaria de Estado com um medíocre secretário. Estes (des)governantes são responsáveis por uma acção demolidora da cultura. Não assumem no discurso, mas praticam-na! A cultura merece(rá) sempre um Ministério com 1% do Orçamento. O financiamento às estruturas culturais e artísticas não são dádivas governamentais, correspondem a uma obrigação. O corte no apoio directo às artes desde 2009 é superior a 75%(!).
Há um propósito ideológico em aniquilar a liberdade artística e mais ainda as estruturas que não afinam pelo diapasão governamental...
Há muito dinheiro para pagar juros agiotas, mas quase nada para promover cultura com C maiúsculo. Esta política cega de austeridade e de veloz marcha atrás da história atirou para a pobreza a classe média e consequentemente, todos os agentes culturais já se ressentem. Foi esta classe que durante décadas mais consumiu jornais, teatro, música, livros, cinema e tantas outras manifestações culturais.
Jornais com menor tiragem, o cinema português bloqueado, o teatro sobrevivendo em agonia por manifesta falta de apoio da Direcção Geral das Artes...
Foi uma cruel maldade cortar 73%(!) no orçamento deste ano ao Teatro Aberto deixando-o à beira do encerramento. As malfeitorias estenderam-se às Companhias de Teatro A Comuna, Cornucópia, Artistas Unidos, etc.etc.
Vivemos dias de chumbo, sendo crucial defender a existência do teatro. Agora é que as vozes dos actores e actrizes são mais urgentes, a sua expressão e visão do mundo mais necessárias à sociedade. A Cultura séria, mensageira e inquietante vai desaparecendo, como convém... Durante a II Guerra Mundial foi proposto ao 1º Ministro britânico, Winston Churchill que cortasse apoio à cultura. Respondeu:”Se cortarmos na cultura, estamos a fazer a guerra para quê?” Um Povo culto questiona, constrói, participa civicamente e organiza-se de forma consistente na defesa dum elevado código de valores, não se submetendo ou amedrontando. Quando me falam em Cultura puxo logo pelo regresso ao futuro esperançoso! mas... há quem puxe pela pistola.
Vítor Colaço Santos
Sem Cultura vamo-nos perder ainda mais.....mas.....
ResponderEliminarO grande problema é aprofundar e verificar se esses programas serviam a cultura ou alimentavam os honorários dos seus intervenientes, alguns muito medíocres e incipientes. Contudo, é urgente e necessário ter, no ar, programas culturais com qualidade, e não, alguns, que são de pobreza confrangedora. O problema, igual aquele de quem põe o sino ao gato, é também de quem é que faz a selecção.
ResponderEliminarO povo culto é incomodo.
ResponderEliminarPortanto!?