Nenhuma sociedade dividida contra si mesma pode subsistir.
Frequentemente, encontramos no seio da sociedade células
como a Família, a Empresa e o Estado, nas quais alguns dos seus membros se
empenham em deixar em herança o legado da divisão.
Assistimos depois a Famílias que se transformam em Empresas
e que, salvas as devidas exceções, não vingam nem como Família nem como Empresa
pela divisão que as dilacera.
De modo idêntico, o Estado e os seus representantes máximos,
que tantas vezes se deixam tentar pela máxima “dividir para reinar”,
obstinam-se em colocar novos contra velhos e velhos contra novos (o denominado
cisma grisalho), o público contra o privado e o privado contra o público, o
trabalho contra o capital e o capital contra o trabalho, os sindicatos contra
os patrões e os patrões contra os sindicatos, os partidos e os órgãos de
soberania uns contra os outros, com prejuízo para todos, claro…
Algo de muito errado se passa numa sociedade e num país, que
vive uma tão profunda crise de valores éticos, sociais, económicos, políticos,
que quer seguramente ultrapassar, mas que, paradoxalmente, parece encontrar-se
refém de si mesmo e relutante em mudar e avançar.
Coloquemos
de lado as imprudentes ideias de “cismas”, que tanto mal fazem não apenas à
Igreja mas a tantas Famílias, Empresas e ao próprio Estado e procuremos
construir, em conjunto, as “pontes” necessárias que unam ambas as margens do
rio, sobretudo as vidas daqueles que vivem e trabalham em ambas as margens,
novos e velhos, ricos e pobres, patrões e assalariados, de “direita” e de
“esquerda”, crentes e não crentes. “Reinar sem dividir” pode dar mais trabalho,
mas, salvo melhor opinião, parece ser o que a maioria dos portugueses e das portuguesas
quer e precisa nestes tempos tão extremos e desafiantes para todos, sem excluir
ninguém e sem desistir do “outro”, seja este quem for. Vale a pena.
Luís Filipe Diz Fernandes
Totalmente de acordo:
ResponderEliminarAlgo de muito errado se passa numa sociedade e num país, que vive uma tão profunda crise de valores éticos, sociais, económicos, políticos, que quer seguramente ultrapassar, mas que, paradoxalmente, parece encontrar-se refém de si mesmo e relutante em mudar e avançar.
Ou fazemos todos parte da solução, ou continuamos a ser um PROBLEMA; TODOS E CADA UM.
augusto