quarta-feira, 27 de novembro de 2013

em 'O Livro em Branco' - 18 (continuação - pág. 30)


Carnaval tradição

 faces rasgadas por sulcos profundos
de sofrimento,
de miséria,
da perda de tudo,
para tudo vazias,
estas faces que não são faces,
são máscaras
do carnaval da vida.

 estas faces são o verdadeiro testemunho
da bondade humana
que apregoa a fraternidade,
que promove tantos domingos gordos,
que para estas faces,
de foliões desgraçados,
não passam de magros dias,
compassos de sofrimento,
cruel visão
de lutas sem tréguas,
que povoam todos os ventos,
destes amaldiçoados,
que são forçados animadores,
deste carnaval,
com faces rasgadas
de sulcos profundos,
que não querem mais
que o pão de cada dia,
aos lautos banquetes
em que tantos vivem.

 nota: mais um poema dos tempos da ‘minha’ guerra colonial (1966/1968)

 

José Amaral

 

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