terça-feira, 26 de novembro de 2013

FÁTIMA, FUTEBOL E FADO.


Nascido em pleno consulado de Salazar, ouvi muitos políticos contra a "situação" ridicularizarem o regime de então com o facto de se resumir aos 3 FFFs. Fátima, Futebol e Fado. É curioso analisar a situação actual, 40 anos volvidos. Sobre Fátima basta dizer que o fervor se mantém, quiçá robustecido com as consequências da grave crise financeira, económica e social que o País atravessa. Sobre o Fado, já conheceu melhores dias. Temos jovens valorosos, uma Ana Moura, uma Kátia Guerreiro, um Camané. Mas meu Deus, quando nos lembramos de um Marceneiro, um Carlos Ramos, uma Amália, a Lucília do Carmo, uma Teresa de Noronha, estamos aqui também em crise de valores. Sobre o Futebol, é o que vai valendo. Muitos que tudo criticam, também arrasam com preconceitos sociais os salários obscenos de alguns futebolistas mais famosos. Destes, o "nosso" Cristiano Ronaldo, é um dos mais bem pagos no mundo. Mas o que fazer? Ele está integrado em ligas de futebol milionárias, em Espanha e na Europa. Queriam que todos ganhassem milhões e ele ficava à porta, de mão estendida? Acho que faz muito bem em maximizar os seus proventos, numa "indústria" em que a sua "ferramenta" é de curta duração. E o que seria do nosso orgulho nacional sem Cristiano? Não foi ele que no recente encontro decisivo com a Suécia nos fez ficar por uma vez nos píncaros da fama, e justa apreciação dos países Europeus, das Américas e África, eu diria mesmo de todo o mundo que vibra com o futebol? E algum político, de algum partido, porventura veio agora atacar o governo pelo apoio ao futebol? Apetecia mesmo proclamar, volta Salazar, que estás perdoado, mas cala-te boca, que ainda vais preso...

(Publicada na íntegra no semanário EXPRESSO, como "Carta da Semana", na sua edição de 30/11/13)

6 comentários:

  1. Agora está mais intenso o Futebol, mesmo que falte o Pão em casa!!!!!

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  2. Sim , como procurei enfatizar no meu articoleto. E sem qualquer repúdio de NENHUM partido, que eu saiba. Escrevo depois de ter tido a surpresa (agradável, claro) de na sua edição de hoje o Expresso ter publicado como "carta da semana". Para além do meu fraco préstimo, as duas últimas linhas da carta, pensei que sendo provocatórias e politicamente incorrectas, nunca seriam publicadas. Ainda bem que me enganei. O Expresso, afinal ainda se recomenda. Compro-o aliás desde 1973... Bom Fim de semana e abraço.

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  3. Caro Amigo Manuel Alentejano
    Concordo com quase tudo do que costuma escrever, e só não pode ser tudo, porque, desse modo, seria uma sua cópia. Contudo, tenho um pequeno reparo a fazer quanto à sua identificação.Nessa dos heterónimos, nesta posição de luta franca e aberta contra o sistema que nos oprime, não pode seguir o Fernando Pessoa. Li no Expresso, e em destaque, como "A carta da semana`, o seu artigo em referência, assinado por Manuel Martins, Alandroal. Eu, filho de alentejano e adorando o Alentejo, acho óptimo que use o pseudónimo de Manuel Alentejano, mas como outras vezes assina como Manuel Martins, isso pode deixar a ideia que há dois articulistas diferentes. Na minha opinião, e naturalmente que pode não ser a mais acertada, devia escolher um nome ou um pseudónimo e utilizar apenas esse, salvo se, isso corresponder a uma estratégia definida da qual estou a Leste. Um abraço lusitano e alentejano

    Joaquim Carreira Tapadinhas

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    1. Caro Joaquim, obrigado pelas suas amáveis palavras e irei tentar explicar os diferentes heterónimos, e alguma reserva na minha identificação. Comecemos por esta. Se já leu ou o meu blog ou os meus articoletos, reparou que são geralmete politicamente incorrectos. Outros até lhes chamarão de direita, reaccionários ou fascistas. Eu defino-me no meu blog como "conservador, com preocupações sociais", mas se calhar estou errado. Ora o problema na minha identificação completa é temporário, enquanto eu exercer um cargo público de nomeação governamental (fui nomeado pelo governo AD de 2004, confirmado pelo PS e renomeado por esta nova AD). Embora nas críticas que faço ao governo sejam um direito de cidadania, e eu poupe por pudor o Ministério que me tutela, em Portugal ainda não vivemos em democracia e eu também não quero que a Instituição para a qual trabalho, sofra seja o que fôr pelas minhas opiniões, que não a podem condicionar. Assino geralmente com a cidade ou local onde me encontro a escrever, o que vai variando e não é propriamente um heterónimo. Agora o "Alentejano", reside em eu me considerar tão ou mais alentejano do que aqueles que por acaso ou acidente lá nasceram. Eu escolhi o Alentejo para lá passar quase 50% da minha actual vida, e investi uma parte considerável das poupanças de mais de 35 anos de trabalho, num pequeno monte. Nasci na freguesia de Santa Engrácia (já liquidada por este governo) há 65 anos, e há mais de 20 que resido em Cascais e nesse monte. E assino Manuel Martins, porque não sendo o meu "nome de guerra", quem me conhece sabe quem sou, e não sou capaz, fora do blog, de usar um pseudónimo. Assino com o meu nome, mas reduzido. Espero ter contribuido para o Joaquim perceber as minhas razões, embora esteja no seu pleníssimo direito de discordar. Um abraço e Boa Noite.

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  4. Agradeço a sua explicação, que prova que, para além de ser um ser inteligente, é um homem sensato e sensível. Os meus parabéns pela sua intervenção cívica e combativa.

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  5. Caro Joaquim, obrigado pelas amáveis palavras, certamente imerecidas, mas que guardarei como um incentivo para continuar. Aliás, o exemplo dos seus muito lúcidos e esclarecidos escritos, também é mais um incentivo. Aceite um abraço

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