Na edição de 19/11/13 do
"Público", vem uma pequeníssima local, que denuncia um enorme embuste
sobre a violência doméstica. Se eu fosse editor do jornal, teria escolhido a
primeira página, já verão porquê. A violência doméstica é um dos muitos crimes
perfeitamente tipificado no Código Penal. Nem precisaria de o ser, para ser
condenada de forma clara e inequívoca. O problema é que todos, repito, todos,
os artigos, comentários e notícias sobre violência doméstica referem e
denunciam homens como os criminosos. E quando há reportagens, aparece sempre
uma imagem de um homem a bater numa mulher. Esta desprotegida e frágil, e o
homem quase sempre descomunal e munido de um cinto. Jamais, em tempo algum, se
viu uma denúncia da violência de mulheres sobre homens. No entanto o simples
senso comum levaria a desconfiar de tal situação. Em todas as actividades
humanas, designadamente desportivas, existem mulheres melhor preparadas e mais
fortes que muitos homens. Então se elas não batem nos homens, segundo as
notícias e os "media", só pode ser porque a mulher é intrinsecamente
boazinha e o homem, de uma maneira geral é mau, quezilento, criminoso por
natureza e gosta de bater nos mais fracos. Ora esta notícia desmascara de vez
este verdadeiro embuste, que o "politicamente correcto" tem vindo a
criar nas mentes dos portugueses. Transcrevo, "Das mais de 26 mil vítimas de violência doméstica que pediram
ajuda no ano passado, cerca de 15,5% são homens, números oficiais"
Noutro inquérito, refere o mesmo artigo, conduzido por uma investigadora da
Universidade do Minho, concluiu-se que "70%
dos homens inquiridos afirmam ter sido vítimas de um comportamento abusivo nos
últimos 12 meses. Mas quando são questionados se se sentem vítimas de
violência doméstica, o número cai para 9%". Cá está, os homens são
agredidos, como também as mulheres são. Mas com o velho complexo do "macho
latino", não querem aparecer a denunciar que são vítimas. Seria bom que
próximas reportagens e imagens destes crimes, aparecessem de vez em quando
mulheres com o cinto na mão. Os homens podem às vezes parecer parvos, mas é só
aparência...
(PUBLICADO NA ÍNTEGRA NA EDIÇÃO DO SEMANÁRIO "SOL" DE 22/11/13)
Pois, o problema é que eles morrem de vergonha...
ResponderEliminarMas era bom que se falasse nisso, concordo. As mulheres também são capazes de muitas crueldades (agressão física e não só).
Aleluia, cara Cristina! É a primeira mulher que eu encontro a reconhecer essa evidência. Aqui também deixo uma observação pessoal. Ao defender esta necessidade de se tratar desta terrível questão com isenção, e igualdade de critérios para qualquer dos "géneros" (como agora é fino dizer), alguns poderão pensar que eu sou um dos agredidos pela mulher e que aqui se virá carpir. Nada de mais errado, acrescento por ser de justiça para com a minha querida companheira ( e esposa) há 41 anos. Mas sobre o tema, ainda ontem se deu publicidade nas TVs à celebração de um dia sobre a violência doméstica. Falou-se sempre de homens agressores, nem uma única vez de mulheres agressoras. Mais palavras para quê? Até apetece dizer, mulheres agressoras deste País, continuem a dar porrada nos vossos homens à vontade, eles não se queixam!!!
EliminarO meu novo comentário desapareceu, vou tentar reproduzi-lo, na esperança de que não sairá repetido.
ResponderEliminarInfelizmente, no que respeita à mulher, ainda há muitos assuntos tabu, que incomodam, porque não cabem na definição que temos da nossa civilização. Um desses assuntos é este, já que a sociedade não concebe que uma mulher possa agredir um homem, sem que este o consiga evitar. Um outro assunto, que talvez ainda incomode mais, é o facto de haver mães que molestam sexualmente os seus filhos. Há poucas, mas há! Nestes casos, as vítimas sofrem duplamente, porque raramente encontram alguém que as leve a sério e tente ajudá-las. Há mesmo psicólogos que se recusam a tratar casos desse tipo, preferindo continuar a ignorá-los.
Sou mulher e acho que ainda estamos longe de atingir a verdadeira igualdade de direitos, que existe apenas em teoria. Mas aceito que ser mulher, ou mesmo mãe, não é uma credencial de garantia para evitar certas violências ou anormalidades.
Muito bem, cara Cristina, acho que tem toda a razão. Nestes 40 anos de "democracia" um dos problemas criados (também é conhecido noutros países do ocidente) é o do "politicamente correcto". Um bandido, é um coitado, deve ser apoiado e defendido. Um gay, é uma coisa gira, é uma conquista das liberdades, deve ser promovida essa opção e apoiada pelo Estado. Um tipo das esquerdas normalmente tem sempre razão, nunca se engana, e raramente erra. Um tipo das direitas, é um fascista, logo que abre a boca deve ser mandado calar e se possível encarcerado, não tem direito a discordar, é um "facho" e ponto final! E por aí fora, poderíamos dar muito exemplos. Por isso, apesar destes "40 anos", não compreendo como ainda perdura essa do complexo do "macho". Hoje cada vez há menos homens que apreciem mulheres, que fará "machos latinos"! Onde é que isso já vai....
ResponderEliminarChego tarde mas não me importa. Ficará dito. Num dia destes lia eu um entrevista de um americano em que, (Santo Deus, o que ele foi dizer!) que para acabarmos com a violência sobre as mulheres (e já a gora sobre os homens, coitadinhos que parece que também levam das boas e bonitas...) seria de todo oportuno que as mães e pais deixassem de educar os filhos com castigos físicos. É que, dizia o senhor, se desde pequenos habituamos as crianças ao princípio que os maus comportamentos se corrigem com porrada como podemos querer que quando crescerem não o façam sobre o outro? Para mim é uma grande verdade. Bato na minha mulher porque via o meu pai bater na minha mãe. Difícil? Não. Quanto à questão levantada de que os homens também sofrem, não digo que não, mas a disparidade de números e o grau de violência cometido por eles é tal que nem vale a pena falar dos coitados que não se sabem impor à mulher.
ResponderEliminarNão há dúvida de que os pais são os nossos modelos, aqueles que imitamos. Pudera! Conhecemos o mundo através deles! Quando somos crianças, os nossos pais são, para nós, deuses, mesmo que nos tratem mal. Temos a fase da contestação, na adolescência, mas, na verdade, a maior parte de nós acaba por lhes seguir os passos. Para o bem ou para o mal. É dificílimo fugir a isso.
EliminarPedro, se fala «dos coitados que não se sabem impor à mulher» está a contribuir para que o silêncio sobre esses casos se mantenha. Para usar o exemplo que dei, é o mesmo que dizer a alguém que se queixa que a mãe abusou dele em criança: «não te ponhas com disparates! As mães não fazem isso aos filhos!»
Cada caso é um caso, ninguém sabe as razões porque um homem aguenta uma situação dessas. E desdenhar deles, aumentar-lhes a vergonha, não ajuda mesmo.
Cristina, não estou a contribuir para nada. Se contribuo para alguma coisa é para que esta tragédia não fique calada. Acredite, já me custaram bastante dissabores defender quem não merecia ser defendido porque às vezes parece que algumas mulheres até nem se importam de levar uns tabefes de vez em quando. Acredito que falo com conhecimento de causa. O que me choca é que aparecem os homens a querem armar-se em vítimas quando eles são os maiores assassinos das mulheres por cobardia e canalhice.
ResponderEliminarPedro, acredito que situações dessas já lhe tenham causado dissabores. Não é mesmo fácil, vemo-nos com as mãos atadas: se não ligamos, contribuímos para que as injustiças se prolonguem; se ligamos e tentamos ajudar, acusam-nos de nos intrometermos.
EliminarNão acredito, porém, que as mulheres gostem de levar tabefes. Elas talvez até julguem que gostam, mas não gostam. Apenas não estão habituadas a dar-se valor. Somos educadas para agradar e obedecer ao marido, é um estigma que ainda nos está muito no sangue, não é fácil livrarmo-nos dele. Queremos ser meninas bonitas, que não reclamam, que se contentam com pouco, que se sacrificam pela família, etc., etc. É assim que os papás (e as mamãs) nos educam. Por isso (e por outras razões, que isto é um assunto mesmo muito complicado), é dificílimo (senão impossível) querer resolver problemas, quando as pessoas neles envolvidas não estão para aí viradas.
Mas haverá homens que também são vítimas e esses não terão nada a ver com os assassinos e os canalhas. Cada caso é um caso, não me parece que se deva generalizar. Só se eles tivessem coragem para denunciar a sua situação é que estaríamos em condições de analisar e, talvez, julgar os comportamentos.
Caro Pedro, primeiro uma declaração de interesses. Estou num casamento, diga-se socialmente incorrecto, pois às vezes tenho vergonha e pudor de dizer que estou casado COM A MESMA MULHER há 41 anos. Neste século é uma anormalidade, tão grande como os homens ainda gostarem SÓ de mulheres. Dito isto, nunca bati, esbofeteei na minha nem outra qualquer mulher, nem muito menos agredido, por isso não vim aqui "ARMAR-ME EM VÍTIMA", que não sou! Esclarecida esta importante questão (porque me senti obviamente visado, desculpem lá), acrescento que continuo a não ficar convencido com o comentário do Pedro, pois me parece que quer reduzir o rácio de 15,5% de homens agredidos a zero, ou como se fosse zero. Género, são só 15,5%, continuem a levar porrada porque merecem... Eu continuarei a falar e denunciar, para que esses gajos um dia digam: BASTA, vamos parar com esta coisa, como o desejo igualmente para todas as mulheres agredidas.
ResponderEliminarE muito bem, amiga Cristina, concordo a 100% com tudo o que defendeu, já agora mesmo sobre os homens agredidos e silenciosos. No meu tempo podia ser uma vergonha levar porrada de uma mulher. Hoje, com as "igualdades de género", mulheres a liderar empresas, países, onde é que esse machismo já vai....