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sábado, 9 de novembro de 2013
Sacrificios inúteis
Cortes em Portugal são inúteis. Mark Blyth, economista e professor de economia, autor do livro “Austeridade-uma ideia perigosa” diz que os cortes orçamentais anunciados pelo governo português não servem de nada. O problema é a forma como os bancos portugueses e a economia portuguesa estão agarrados a um sistema monetário que tem um banco central, mas não dispõem de um sistema de coleta de impostos a nível europeu capaz de resolver o problema. Podem baixar à despesa pública portuguesa até um nível baixíssimo. O que estão a fazer é totalmente inútil, a proposta dos cortes orçamentais. Mark Blyth defende que as medidas drásticas não são para a solução da crise económica. Quando tudo começou em 2008 com o problema bancário nos EUA, ficamos a saber sobre as fragilidades das economias do sul da europa, mas também sobre o elevado nível de endividamento do sistema bancário e que esteve escondido durante mais de uma década. Mark Blyth diz que as medidas impostas pelos governos dos países expostos à crise não fazem sentido porque apenas servem o sistema bancário em crise. A mobilidade laboral vai tentar afastar o problema justificando-o como uma medida económica, mas que afasta as pessoas qualificadas que emigram para outros países, e depois quem paga os impostos? Para Mark Blyth pressionar o sistema com austeridade “como se fosse um estilo de vida” só pode dar maus resultados e a crise não pode ser solucionada enquanto se tenta resolver, “ao mesmo tempo”, uma crise bancária “ através de reformas governamentais, porque uma coisa não tem nada que ver com a outra”. A austeridade é uma forma de “deflação voluntária” em que a economia se ajusta através da redução dos salários, preços e despesa pública para “restabelecer” a competitividade que se consegue melhor cortando o orçamento do estado. Mark Blyth realça que não se verificam à escala mundial casos que tenham sido solucionados com políticas de austeridade. “Os poucos casos positivos que conseguimos encontrar explicam-se facilmente pelas desvalorizações da moeda (que Portugal não pode efetuar) e pelos pactos flexíveis com sindicatos,…”.
“A austeridade como está a ser apresentada tanto pelos políticos como pela comunicação social como sendo uma crise da dívida soberana supostamente criada pelos estados que gastaram de mais- é uma representação fundamentalmente errada dos factos”, diz Mark Blyth. Como alternativa, o autor da investigação defende a “repressão financeira”, assim como um esforço na coleta de impostos sobre os mais ricos, a nível mundial, assim como a procura de riqueza que se encontra escondida em offshores e que os estados sabem onde está sem pagarem impostos. Calcula-se que haja 32 mil biliões de dólares escondidos em offshores, sem pagarem impostos.
(JN 06/11/2013)
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