terça-feira, 12 de novembro de 2013

"ESPÍRITOS", TALVEZ, "SANTOS", NÃO!


Na década de 80, tive o privilégio de conhecer breve, mas pessoalmente, o Dr. Manuel Ricardo Espírito Santo Silva. Família de banqueiros, souberam exercer as suas actividades com competência, rigor e seriedade. Conseguiram recuperar, com muita perseverança e trabalho, o Banco que em 1975 foi nacionalizado por Vasco Gonçalves. Considero que a um banqueiro se pede a máxima discrição e sigilo na condução da sua actividade. Nos últimos anos temos tido vários gestores bancários (que não considero banqueiros) que adoram perorar na praça pública sobre os mais diversos assuntos da vida nacional, absolutamente estranhos à sua actividade. Chegam a criticar governos em funções, imaginem! Um verdadeiro banqueiro não pode ter partido, eu até diria que nem pertencer a um mero clube de futebol. Tem que servir os seus depositantes, mola real da sua actividade. Qualquer acto mais insensato ou irresponsável, quer do Banco, quer dos seus administradores, vai prejudicar a imagem do mesmo no mercado e prejudicar, directa ou indirectamente, os seus accionistas e depositantes. Por isso, se o saudoso Dr. Manuel Ricardo fosse vivo, teria tido uma síncope ao saber dos tristes e lamentáveis acontecimentos que têm nos últimos anos assolado a vida do BES. São os processos judiciais, as investigações da CNVM, do BdP, da PJ, do Ministério Público, e agora com a cena verdadeiramente canalha da sucessão do actual Presidente executivo. Querendo antecipar um processo de sucessão já em curso, um accionista terá confrontado, imagine-se, o próprio Pai, numa assembleia restrita de sócios. E tudo isto, que podendo ser habitual onde há famílias, poder e dinheiro,  chegou por incúria e/ou desejo dos próprios aos jornais e TV. São ainda imprevisíveis as consequências a médio prazo desta crise de liderança, e o comunicado que 24 horas depois foi publicado, nada tranquiliza, antes perturba ainda mais os que dependem ou estão interessados na vida do Banco. E eu que pensava que a iniciativa privada em Portugal, poderia servir de exemplo à incompetência e imaturidade dos políticos em funções. Deus nos ajude!

4 comentários:

  1. Este país, nos campos político, económico e financeiro, salvo raras excepções, tornou-se num lamaçal, onde só com golpes, grandes ou pequenos, que raiam a ilegalidade, se consegue sobreviver. Certas figuras ou aderiam ao sistema ou recuavam e ficavam pelo caminho, enquanto outros, aguerridos e sem nada a perder, iam triunfando. Os homens não são imunes, são eles e as suas circunstâncias. Daí quando a tempestade se impõe, tudo serve para nos salvarmos. Já nada me espanta neste mundo competitivo, onde os lobos comem os cordeiros,não porque já não estejam saciados, mas por uma questão hábito.

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    1. Caro Joaquim, mas embora tudo o que diz seja verdadeiro, é muito grave que se aplique também a uma família de financeiros prestigiada. É a vida, como dizia o outro...

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  2. As famílias por vezes são um espaço restrito de grande e declarada complicaçao e conflito.

    Mas quando há dinheiro e todos querem poleiro, dá nisto!

    E o Supervisor como sempre, já do bpp e do bpn, não existe!!!!!!!!!!!!!!

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    1. O Doutor Salazar, quando ouviu um dos seus colaboradores directos recomendar vivamente uma pessoa, invocando que pertencia a uma excelente família, perguntou rápido: "já fizeram partilhas?"....
      Quanto à supervisão, nem consigo pensar outra vez que um governador incompetente foi promovido pelo governo do PS e de Sócrates a um altíssimo posto do BCE, ainda por cima (OH CÉUS!), com o pelouro da supervisão bancária!!!

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