segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Um país "normal"?

 
Efectivamente é de saudar o desejo do senhor Presidente da República Portuguesa, dr. Aníbal Cavaco Silva, de nos fazer crer que Portugal é um país "normal" e governável. Todavia, esta ideia não é nova. Esse era o intuito aquando da adesão do nosso país à Comunidade Económica Europeia. Finalmente fazer de Portugal um país "normal". No entanto, com a nossa entrada na Comunidade, novos desafios se colocaram. O nosso país passou a fazer parte de um conjunto de países, com problemas e virtudes que vieram acrescer aos problemas já existentes. Por isso, nem tudo foi um mar de rosas. Portugal perdeu cultura própria e soberania, o que ficou ainda mais patente quando aderimos ao euro (uma moeda forte), em 2002, que se revelou explosivo numa economia fraca como a nossa. Ainda assim, ganhou-se em prosperidade e na tão aclamada normalidade.
Contudo, foi sol de pouca dura. Com a crise financeira de 2008, o capitalismo de casino demonstrou não ser eterno e revelou as suas fragilidades. E a Europa mostrou não estar preparada para responder a possíveis crises. Consequentemente deu-se a predominância do capital financeiro sobre o capital produtivo...
[Temos] governantes que seguem a política do bom aluno e olham para o Deus Mercado com fidelidade e adoração, sendo cúmplices do facto de o mundo financeiro se sobrepor ao mundo da política, acabando por colocar em causa a própria democracia. Acresce o facto de empiricamente estar provado que a receita não trata a doença. Fica a questão: como [salvar] Portugal do abismo? A resposta não é fácil, dado que temos o país encurralado, com governantes inexperientes e uma população desinformada e apática, aparentemente, sem forças para reagir. Este quadro faz do nosso país um autêntico cocktail nocivo.                                                                 
Em suma, Portugal, conforme a História nos ensina, é recheado de momentos de anormalidade. Quando muito, poderemos viver num país, aparentemente "normal". Mas, diga-se em abono da verdade, e com isto não quero importunar os mercados, que vivemos numa época, conforme nos revelam os números do desemprego, a nossa economia que não cresce, a dívida que não pára de crescer, e muitos outros exemplos que tornariam a lista demasiado longa, perfeitamente anormal.
Nuno Abreu, Braga


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