Efectivamente
é de saudar o desejo do senhor Presidente da República Portuguesa, dr. Aníbal
Cavaco Silva, de nos fazer crer que Portugal é um país "normal" e
governável. Todavia, esta ideia não é nova. Esse era o intuito aquando da
adesão do nosso país à Comunidade Económica Europeia. Finalmente fazer de
Portugal um país "normal". No entanto, com a nossa entrada na
Comunidade, novos desafios se colocaram. O nosso país passou a fazer parte de
um conjunto de países, com problemas e virtudes que vieram acrescer aos
problemas já existentes. Por isso, nem tudo foi um mar de rosas. Portugal perdeu
cultura própria e soberania, o que ficou ainda mais patente quando aderimos ao
euro (uma moeda forte), em 2002, que se revelou explosivo numa economia fraca
como a nossa. Ainda assim, ganhou-se em prosperidade e na tão aclamada
normalidade.
Contudo,
foi sol de pouca dura. Com a crise financeira de 2008, o capitalismo de casino
demonstrou não ser eterno e revelou as suas fragilidades. E a Europa mostrou
não estar preparada para responder a possíveis crises. Consequentemente deu-se
a predominância do capital financeiro sobre o capital produtivo...
[Temos]
governantes que seguem a política do bom aluno e olham para o Deus Mercado com
fidelidade e adoração, sendo cúmplices do facto de o mundo financeiro se
sobrepor ao mundo da política, acabando por colocar em causa a própria
democracia. Acresce o facto de empiricamente estar provado que a receita não
trata a doença. Fica a questão: como [salvar] Portugal do abismo? A resposta
não é fácil, dado que temos o país encurralado, com governantes inexperientes e
uma população desinformada e apática, aparentemente, sem forças para reagir.
Este quadro faz do nosso país um autêntico cocktail nocivo.
Em
suma, Portugal, conforme a História nos ensina, é recheado de momentos de
anormalidade. Quando muito, poderemos viver num país, aparentemente
"normal". Mas, diga-se em abono da verdade, e com isto não quero
importunar os mercados, que vivemos numa época, conforme nos revelam os números
do desemprego, a nossa economia que não cresce, a dívida que não pára de
crescer, e muitos outros exemplos que tornariam a lista demasiado longa,
perfeitamente anormal.
Nuno Abreu, Braga
Sem comentários:
Enviar um comentário
Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.