CONDIÇÕES DO HUMANISMO
Já não existe
o Homem designado com pomposa maiúscula, mas sim homens divididos em classes;
já não existe um Cristão, mas sim cristãos que nada têm e cristãos que têm
muito e que deviam deixar de explorar os outros para se poder falar em unidade dos cristãos. Mas o
mundo dos pobres é, para os ricos, como que o mundo da gentilidade..
A política
não tem o mesmo sentido para um burguês que tem para um operário, já que para o
burguês, seguro do seu pão e do seu futuro, a política não passa de uma arte
liberal; para o operário, trata-se da própria defesa do seu pão, da sua pele e
do seu futuro.
Na sociedade
baseada na propriedade privada o homem tanto mais é quanto mais tem, mas o
desenvolvimento da pessoa implica como condição interna a despossessão de si e
dos seus bens que despolarize o egocentrismo.É que o imperialismo económico não
teme, onde se sente ameaçado, virar-se contra a liberdade que defende onde lhe
é útil e confiar a sua defesa a regimes de terror!
O
desenvolvimento cultural dos povos não pode ser limitado aos índices de
assistência escolar; ele deve cobrir todas as exigências culturais do homem ao
longo da vida. No mundo capitalista grande número de trabalhadores nunca leu um
livro e outros tantos lêem muito raramente, sendo invocadas razões como falta
de tempo, fadiga do trabalho, dificuldades financeiras, quase sempre razões
ligadas às condições de exploração em que vivem, num sistema económico que
aliena a pessoa.
Ser pessoa é
diferente de indivíduo, é um centro de liberdade colocado frente às coisas e ao
Universo. A noção de pessoa é de ordem ontológica, é o modo específicamente
humano da existência, que por ser transcendente se separa do indivíduo concreto,
objecto neutro; a designação “indivíduo” é comum ao homem e ao animal, à planta
e ao micróbio…
NOTA – transcrito
de um trabalho do pensador argentino Hector Agosti por
Amândio G.
Martins
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